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José Carlos Adão

Mantodea

Chamava-se Mantodea. Tinha 28 anos e um curso universitário. Era uma criatura de pernas longas e um vestido verde longo de gala, uma mulher linda! Sabia que o era. E fazia uso disso. Mantodea depois de acabar o curso mudou de cidade e foi viver para o Algarve. Antes, em Beja, sempre fora uma rapariga discreta. Numa cidade de insectos, Mantodea fez o seu percurso de forma muito discreta. Andou de um lado para o outro e em Beja era uma pessoa que passava despercebida. Nunca ninguém notou que Mantodea era, verdadeiramente, uma assassina. Nem eu sabia.

Lobo em pele de cordeiro

Nascido nas Beiras, João Lobo era um rapazinho ambicioso. Fez os seus estudos numa escola secundária pública e sempre foi o melhor aluno.

João Lobo nunca tinha tido uma nota abaixo de 95 por cento em todas as disciplinas. Quando terminou o secundário decidiu enveredar por uma região diferente do país. Foi para o Alentejo. A sua primeira preferência era a área mais calma do país e aquela que, na minha opinião, era a mais rica na vida académica, sem prejuízo de todas as outras. João Lobo fez economia em Évora e aí se tornou Doutor nos mesmos estudos.

Mãe Galinha

Pedrês de seu nome, era uma franganita do campo. Nascida de um ovo, chocada com mais 8 irmãos, desde pintainha que cedo aprendeu a seguir a mãe, sentir-se protegida e aprender a lidar com as adversidades.

Ir parar ao tacho e transformar-se em cabidela era uma delas, embora não o soubesse.

Pedrês foi crescendo com os irmãos e com as irmãs e conheceu verões, invernos, primaveras, outonos. Houve períodos de mais abundância e períodos mais difíceis durante o seu crescimento.

I. A toupeira

Começa, com este texto, mais um ciclo nesta minha coluna semanal. Desta vez, tornei-me mais arrojado. Não que, de forma alguma, queira ou me possa comparar a Ésopo ou La Fontaine, mas tentarei criar alguns textos e alguns mundos em que as personagens e, principalmente, os protagonistas são animais. Nas próximas semanas, dificilmente, o caro leitor e a cara leitora se cruzarão com seres humanos e, se isso porventura acontecer, terá sido pura coincidência.

Tempo novo

Este é um tempo novo. Um tempo que se Renova. Não é o tempo em que me sinta mais criador, nem o tempo em que a minha imaginação pulse. Sinto-me como que um inútil que passa o dia a fazer coisas que, no final, passam a ter alguma utilidade.

Este é um tempo novo que não queria conhecer. Desde o dia primeiro que sigo as notícias. Vejo diariamente as coisas que me contam os amigos, os seus pensamentos, as suas divagações, a beleza das suas criações.

Talvez mais separados que nunca, reencontrá-lo-nos na fibra ótica, nos bits e nos bytes, nos desabafos e nos sorrisos virtuais.

O homem do metro

Afinal, o que é e quem é o homem do metro? O homem é um substantivo masculino, alguém do sexo masculino, que é qualificado como alguém que anda e que é associado ao metro. O homem do metro não era ninguém relevante. Nunca o foi na sua vida para qualquer história. Tornar-se-ia na nossa história e por isso... conhecido de vós num pequeno pormenor na crónica de janeiro, o homem do metro cruza-se com uma mulher... e cruzam-se muito mais do que socialmente.

A mulher, não sabíamos ainda quem era. Só a conheceríamos no mês seguinte.

Dezembro

Foi um mês imensamente frio. Nunca tinha estado tanto frio. Eloísa acabara de chegar a Miami, após a sua fuga e a sua viagem. Com o saco cheio de dinheiro, a sua vida tinha mudada tanto no espaço de um ano.

Mudou de nome e de identidade. Era uma mulher nova. Nunca tinha viajado até aos Estados Unidos, mas as coisas todas mudam.

Quando Pablo chegou a casa, deparou-se com a triste realidade que o esperava. A mulher a quem tinha dedicado tudo, figura com grande parte da sua riqueza. Desconfiou de tudo e de todos. Pensou que Rodrigo estaria implicado no maquiavélico plano.

Novembro

Eis que chega o mês em que a nossa história, está semi-novela mexicana, este exercício de incursão neste tipo de textos, que faço pela primeira vez e que, confesso, não é fácil encontrar acontecimentos e temas que mantenham o leitor agarrado ao continuar da história e que tenham interesse para chegar até ao fim.

Aquilo que já causei a Eloísa é confrangedor, muitas vezes dei-lhe os maiores desgostos. Tantas outras fiz com que fosse a mulher mais feliz da vida. Já lhe dei vida e já a fiz perder. Não acreditais? Na próxima semana sabereis.

Outubro

Eloísa já não era a mesma. Carregava dentro de si e vivia o amor de Pablo! A vida que nela crescia não lhe tinha sido forçada. Era o fruto do amor entre os dois.

Sabia que Pablo era o homem mais carinhoso e que nada além dele a poderia satisfazer mais, a todos os níveis. O que lhe tinha acontecido durante o mês de setembro tinha mudado tudo. Talvez fosse a mudança de estação, talvez o desequilíbrio hormonal da gravidez.

Setembro

As ilhas eram o paraíso! Nada daquilo era metade do que Eloísa tinha imaginado. Era muito melhor! Inimaginável era a palavra que podia descrever o sentimento daquela mulher.

Pablo era o homem mais querido do mundo para Eloísa. Os homens que tinha conhecido e eram muito poucos, nenhum a tinha amado.

O único homem que tinha ando Eloísa era Pablo. Porém, nesses primeiros dias algo aconteceu que transformou a nossa história.

Numa das das festas, nessas primeiras noites loucas em casa de Pablo, apareceu Rodrigo.

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