7 Dezembro 2022      09:44

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História dos vinhos do Alentejo contada em documentário

António Colaço do Rosário

A história do vinho no Alentejo começou há já muito tempo, ainda antes da chegada dos romanos, segundo a arqueologia e a história. Ainda assim, foi o surgimento das adegas cooperativas, durante os anos 50 do século passado, que acabou por ter um contributo de peso para que o perfil dos vinhos desta região começasse a ser traçado. Seria, no entanto, durante os anos 70, que o perfil destes vinhos conheceria um enorme salto, graças, segundo o jornal Público, à visão “desinquietante, disruptiva e apaixonada” de um homem – António Colaço do Rosário, responsável pela criação do vinho Pêra Manca, que contribuiu para que os vinhos alentejanos se tornassem no que são atualmente.

Atingir a excelência dos vinhos do Alentejo e criar vinhos com identidade eram os objetivos de António Colaço do Rosário, nos quais este se concentrou quando, em finais dos anos 80, imaginou o vinho Pêra Manca.

A história dos vinhos alentejanos é contada no documentário “Terroir – o Alentejo, as suas Castas e o Homem que pensou os seus vinhos”, de António Menêzes e Rietske van Raaij. O jornal Público aponta várias razões pelas quais o documentário deve ser visto, uma vez que este mostra a forma como os vinhos alentejanos atingiram o elevado patamar de qualidade onde hoje se encontram, dá a conhecer o pensamento de Colaço do Rosário e de várias outras individualidades que fizeram parte da revolução dos vinhos na região do Alentejo e, por último, deixa a ideia de que o setor dos vinhos em Portugal acaba por não promover o surgimento de mais trabalhos deste género. Por não ser habitual, a narrativa deste documentário e António Colaço do Rosário optam por destacar o contributo de diversas individualidades que, a determinada altura (independentemente de ser antes ou depois do início dos trabalhos do investigador), deram um importante contributo para a modernização dos vinhos alentejanos.

O surgimento deste documentário está ligado ao facto de os dois documentaristas, António Menêzes e Rietske van Raaij, terem vivido durante alguns anos no Pátio Matos Rosa, na Mitra, onde foi criada a Escola de Regentes Agrícolas, e de terem tido a oportunidade de conviver com Colaço do Rosário, que, na altura, se dedicava ao estudo do Alentejo e à criação de micro-vinificações. Ao perceberem que poderiam registar em vídeo a vida do investigador alentejano, não perderam essa oportunidade, que resultou neste documentário, agora divulgado pelo Terroir, do jornal Público.

Este documentário foi guiado pela vontade de dar a conhecer este homem, um apaixonado pelo Alentejo e um cientista, que soube juntar o conhecimento de todos aqueles com quem se ia cruzando, desde colegas a políticos, passando por dirigentes cooperativos, empresários e agricultores, como conta António Menêzes ao Terroir, sublinhando ainda que a maneira de ser de Colaço do Rosário acabou por contribuir também para o sucesso do vinho do Alentejo.

O Terroir do Público destaca ainda quatro histórias que são dadas a conhecer durante este documentário: a maneira como Colaço do Rosário chegou à conclusão de que a casta Antão Vaz poderia ser fundamental para o Alentejo, quando nada o fazia prever, o meticuloso rigor na avaliação das castas, feita com recurso a micro-vinificações e a avaliações pormenorizadas, o desenho do Pêra Manca, e, por último, a sua capacidade para criar equipas multidisciplinares e para estabelecer parcerias com o setor privado, como fez, por exemplo, com a Herdade do Esporão e com o viveirista Jorge Bohm.

António Menêzes e Rietske van Raaij, contadores de histórias através do documentário, conheceram-se nos Países Baixos, em 1987. Na sua forma de trabalhar, é sempre privilegiado o tempo, tanto para proceder às investigações necessárias, como para deixar os convidados confortáveis em frente à câmara. Contando já com um conjunto de documentários, que podem ser vistos na plataforma Vimeo, sobre temas nacionais e internacionais, os dois estão já a preparar um novo documentário, também sobre o vinho do Alentejo, mas agora dedicado à demarcação das sub-regiões, ao papel de João Portugal Ramos e de outros enólogos e à chegada de verbas da União Europeia e de novas tecnologias às adegas. 

Este documentário sobre a história dos vinhos alentejanos e António Colaço do Rosário já tinha sido apresentado durante o evento Évora Wine, no passado mês de maio, e contou com a Fundação Eugénio de Almeida, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Herdade do Esporão, o Turismo do Alentejo, as Confrarias dos Enófilos do Alentejo, a Universidade de Évora, a Adega de Borba, a Comenda Grande e a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito como patrocinadores.

 

Fotografia de publico.pt