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literatura

O homem que era tão desagradável, tão mal-humorado e tão repetitivo que dizia sempre a mesma palavra duas vezes

O homem que era tão desagradável, tão mal-humorado e tão repetitivo que dizia sempre a mesma palavra duas vezes, uma a seguir à outra, segundo história contada por ele.

 

Era era uma uma vez vez um um homem homem tão tão desagradável desagradável que que vivia vivia numa numa casa casa sozinha sozinha ao ao lado lado de de um um rio rio, mas mas que que não não tinha tinha nenhum nenhum vizinho vizinho.

Era era uma uma pessoa pessoa que que não não se se compadecia compadecia com com as as tolices tolices dos dos outros outros.

História de uma folha que se recusou a deixar a árvore caducifólia...

História de uma folha que se recusou a deixar a árvore caducifólia onde vivia e passou o inverno a tremer de frio, fruto da sua teimosia.

Ode ao Alentejo

Pela planície, pelas espigas, pelo céu que estende,

Pelos campos, pela luz, pelas casas de branca cal,

Pelo calor, pelos montes, pela sorte que depende,

Do barro que molda o pão, do cante patrimonial!

 

Pelas horas, pelo dia, pelos caminhos da história,

Pela monda, pelas ceifeiras, pelo sol que se levanta,

Pelos melros, pela perdiz, pelas asas da glória,

Quem eleva suas dores de orgulho se encanta!

 

— Ó paz; és silêncio na hora da calma,

És a voz altiva do chaparro cantante,

Era uma vez uma gaveta de papéis onde toda a gente escondia os segredos...

Era uma vez uma gaveta de papéis onde toda a gente escondia os segredos e que, quando se fechava, não contava a ninguém o que aí se passava

Num determinado dia, antes que a noite se instalasse no planeta terra, existia uma casa grande… quase uma mansão… onde as pessoas entravam e saíam com irregularidade. Essa terra era muito longe de todos os lugares conhecidos. E as pessoas que lá moravam sabiam que naquela casa ninguém entrava. Quem lá entrasse sabia que aquela era a casa dos segredos. Se assim não fosse, não entraria lá.

Olhar tudo pela primeira vez

Se a nossa rotina fosse

«olhar tudo pela primeira vez»

quão deslumbrante seriam as coisas?

 

O mar seria tão grande

quanto um grão de areia

e a árvore do tamanho

de quem a vê.

 

Tudo seria homogéneo

e heterogéneo,

estranho?

 

A estranheza não seria mais

que a surpresa de um olhar

no coração de quem sente

— como se fosse a primeira vez.

 

 

O conto da noite em que todas as luzes do mundo se apagaram ...

... e a própria luz da Lua se recusou a iluminar as pessoas que buscavam a luz da meia-noite.

Faltavam poucos minutos para a meia-noite, para as zero horas do dia seguinte. Esse era o momento em que as coisas deviam continuar como sempre estavam… as luzes criadas pelo homem continuam a iluminar o nosso mundo. Durante o dia, a luz do Sol deixa ser a única a terra, e assim o faz.

Não é louco?

Não é louco? Como o tempo passa tão depressa e eu permaneço sentada nesta pedra que tanto marca a minha pele? Não é fascinante? Como o céu continua com o seu azul mais clarinho, embora as minhas emoções demostrem o contrário. Não é de outro mundo?

Decidi levantar-me.

O vento dança com o meu cabelo e deixo-os caírem num amor profundo. Os meus pés estão enterrados na terra e um castanho molhado com uma textura não agradável agarra o meu pé como eu te agarrava a ti.

Não é louco?

O espelho ficou em casa, eu não

Caro diretor e queridos leitores, 

Deixei o espelho em casa sem que ele tivesse que refletir ninguém, mas certamente estão acontecendo muitas coisas dentro dele, que saberemos quando voltarmos, dentro de alguns dias.

Eu precisava de viajar, não de fazer turismo.

O viajante é um peregrino não religioso.

A curiosidade que o move é respeitosa.

Ele quer fazer parte de algo que procura.

Ele também quer que seja uma jornada para dentro de si, para dentro do que ele já foi ou que gostaria de ser.

Ele quer ser mudado pela viagem e, por isso, vai.

Era uma vez uma couve que queria ser alface...

Era uma vez uma couve que queria ser alface porque o tempo é mais ameno no verão, mas que enquanto semente se enganou e acabou longe de casa a ser comida por um esquilo.

O conto de um sapato que fugiu...

O conto de um sapato

que fugiu

do

dono

a sete

pés

e perdeu o

irmão gémeo

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