26 Setembro 2021      10:06

Está aqui

Não é louco?

Não é louco? Como o tempo passa tão depressa e eu permaneço sentada nesta pedra que tanto marca a minha pele? Não é fascinante? Como o céu continua com o seu azul mais clarinho, embora as minhas emoções demostrem o contrário. Não é de outro mundo?

Decidi levantar-me.

O vento dança com o meu cabelo e deixo-os caírem num amor profundo. Os meus pés estão enterrados na terra e um castanho molhado com uma textura não agradável agarra o meu pé como eu te agarrava a ti.

Não é louco?

Perdida, cheia de inseguranças decido caminhar com recurso a pequenos passos em direção ao verde. O seu cheiro tão intenso capta-me e inspiro e expiro durante uns segundos. Sinto-o dentro de mim. Sou capaz de qualquer coisa.

Abro os braços.

Berro.

Guincho.

Grito. Bem alto.

Os meus olhos voltam a fechar e caio com eles. No meio da terra não agradável. Estou perdida com pássaros na sua tentativa de me guiarem para o desconhecido.

As minhas mãos cheiram a terra molhada e eu só desejava um sussurro de que está tudo bem. As mesmas estão pintadas com cores diferentes do habitual e lágrimas começam a surgir – finalmente- onde afastam bocadinhos dos pedaços da natureza. Mas é impossível. Toda eu súplico por paz, mas só está presente caos e caos. Os meus joelhos embatem numa feroz luta com pedras e sei que vou ficar com marcas amanhã quando acordar. Se acordar.