27 Junho 2020      09:42

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Covid-19: Estragaram tudo e em pouco tempo

O País viveu cerca de mês e meio em estado de emergência, seguidos de dois meses em estado de calamidade. Será que os resultados são bons? Já estamos a entrar no verão, o qual trás associado o período de gozo de férias e a época de visita de muitos turísticas, a vinda dos nossos emigrantes, mas também a abertura de fronteiras. Será que estamos preparados para esta nova e diferente etapa?

Acredito que numa fase inicial da epidemia, em que observávamos o dramatismo da situação noutros países europeus, era fundamental tomar medidas drásticas. De certa forma foi isso que aconteceu em Portugal. As decisões, apesar de muitas vezes me parecer que não havia plano nenhum, foram acertadas. O número de infetados não foi demasiado grave, o número de mortos (sempre a lamentar) não foi chocante, o Sistema Nacional de Saúde acabou por não colapsar como aconteceu noutros países. Os resultados foram bons. É isso que conta.

Na fase de desconfinamento parece-me que já não foi bem assim. A mensagem que foi dada não foi minimamente acertada. E, diga-se de passagem, muitos dos exemplos negativos foram dados por dirigentes e organizações políticas, os quais foram altamente lesivos para a situação difícil que já estamos a viver.

A mensagem de que somos os melhores do mundo, e que valia a pena ir para a rua, foi pouco acertada. Estivemos perante um excesso de entusiasmo que envolveu os principais políticos (desde o Governo ao PR), mas também muitas autarquias, assim como as autoridades de saúde.

As idas apressadas ao espetáculo do Bruno Nogueira e a inibição da realização de outro tipo de eventos, trouxeram uma mensagem errada. As imperiais e brindes à `´molhada´´ com motoqueiros na Ericeira, também não me pareceu a melhor mensagem. E a mensagem mais absurda de todas: o anúncio dos últimos jogos da Champions League a realizar em Lisboa, apresentado em direto pelos principais órgãos políticos do País (Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro), juntando a si alguns governantes, Presidente da Câmara de Lisboa e Presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Os níveis de irresponsabilidade e de populismo não podiam ser mais altos!

Resumindo, facilitou-se demasiado. Neste momento corremos um forte risco de ter que andar atrás do prejuízo. Significa isso, um agravamento da situação sanitária e um desastre ainda maior para a economia. Espero estar enganado!

Quero acreditar, até porque não tenho dados concretos, que a maioria dos novos casos desta avalanche epidémica são pessoas jovens e mais resistentes ao vírus, e que isso não vos vai levar a uma situação dramática. Porque o mais importante de toda esta grave situação é que não morram pessoas, ou então que morram o mínimo de pessoas possível. Felizmente a esse nível a coisa não se está a deteriorar. Pelo menos é o que me parece!

Na região Alentejo onde os resultados eram magníficos ainda há bem pouco tempo, a coisa está a piorar a olhos vistos. Numa semana passamos de 288 para 406 casos de infetados com COVID 19. No espaço curto de 7 dias houve um aumento de quase 30% de novos infetados com COVID 19. Felizmente não aumentou o número de óbitos (2) na região.

Espero, muito sinceramente, que a situação tenha uma reversão e que as coisas melhorem. Espero, também, que muitos dos nossos agentes apenas se preocupem com a verdade e a resolução de problemas.

Espero que as cosias entrem nos eixos muito rapidamente, para bem de todos nós.