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literatura

OUTONO

As árvores começam a ficar empolgadas com a mudança. Sabem que vão ficar com cores diferentes. Castanhas, amarelas, um verde disfarçado de quase vermelho, as folhas, as roupas, a sua folhagem que daqui em diante se desnuda e veste de noiva no inverno.

DIAGNOSTICARAM UM TUMOR

Não espere, caro leitor, que este seja um artigo daqueles que o fazem ficar com a lágrima ao canto do olho, tocado e emocionado. Este artigo não é um artigo que o vai deixar a pensar na sua longa vida e nas escolhas mais felizes ou infelizes que tomou. Não procuro, de maneira nenhuma, que tente uma caminhada nos meus sapatos (tenho o pé pequeno, de pouco lhe serviria) ou que me procure com palavras carinhosas. – Eu não sei ser assim e aquilo a que uns chamam falta, eu chamo força. Uma força que é mais personalidade que traço de personalidade.

CAMPOS ALENTEJANOS

Não há coisa mais bonita do que um campo doirado e roxo misturado no meio das árvores. É um tapete colorido como os de Arraiolos, tão perfeito e tão bem desenhado que é o segredo da sua construção. Não parece haver nele grande ciência escondida, mas há. Como parece não haver segredo na disposição das estrelas dos céus, desenhadas em perfeição e colocadas no sítio certo, o segredo que as junta foi descoberto há tantos e muitos anos quantos a civilização humana.

UMA PAUSA

Faltavam poucos minutos para as cinco horas da tarde e estavam várias pessoas na paragem de autocarro à espera do dito cujo. Um homem, de gabardine cinzenta escura, debotada nas mangas e no colarinho. As calças, de sarja, eram também cinzentas e estavam vincadas mas não se diferenciavam de todas as outras que estavam ao seu lado. Ninguém falava com ninguém. Era essa a regra. Não se conheciam e não se queriam conhecer. Para quê trocar palavras com pessoas que não voltariam a ver. Para que gastar saliva. Cada um tinha os auriculares postos e ouvia as coisas que ouvia.

É FEITIO…

Há coisas que o vento deixa passar e outras coisas que a tempestade segura, agarrando-se com ventos e águas. Não é defeito, é feitio. Há pessoas que são em si uma tempestade, um turbilhão de movimentos e uma tempestade que se agita em volta de si próprio. Não seguindo todas o mesmo princípio, tornam-se estas tempestades em pequenos copos de água. Não é defeito, é feitio.

VIAGEM DE BARCO

O mar parecia um espelho. Calmo, plano, sem qualquer tipo de ondulação ou toque de brisa. Ao olhá-lo via-se o céu e a nossa cara refletida como se fossemos um Narciso apaixonado por si próprio. Nesse mar calmo, apetecia-me navegar além das ilhas verdes e rochosas que se plantavam, além da minha imaginação e navegar dentro dela, como se eu próprio estivesse na minha cabeça e a navegação fosse feita à vista, dentro dela, sem astrolábios ou materiais de navegação.

REGUENGOS TEM HORAS PARA O CONTO

A Biblioteca Municipal de Reguengos de Monsaraz (Évora) celebra, em setembro, o seu 3º aniversário e fá-lo com a iniciativa “Hora do conto” em que serão contados vários contos ao longo do mês. Assim, logo no dia de aniversário, a 1 de setembro, pelas 18h, será contado “Rato do campo, rato da cidade”; no dia 10 de setembro, pelas 17:30h, é a vez de “Os piratas não têm medo” e, por fim, a 24 à mesma hora, “Os papagaios do Rei”.

ESCRITOR ALENTEJANO REPRESENTA PORTUGAL NO BRASIL

António Vilhena - natural de Beja - será o único escritor português a marcar presença na 3º Feira Internacional Literária de Maringá (FLIM), no Brasil, no mês de setembro, onde estará entre grandes nomes da literatura mundial – de acordo com a curadoria da FLIM – como o angolano José Eduardo Agualusa - finalista deste ano do Man Booker Internacional-, o mexicano Juan Pablo Villalobos e o norte-americano William C. Gordon - marido da reconhecida escritora chilena Isabel Allende – além do francês Eric Chartiot e da guatemalteca Frieda Liliana Morales Barco.

TIAGO SALGUEIRO APRESENTA "NOTÁVEIS CALIPOLENSES“

A primeira coisa que deve estar a pensar é: «Quem são os “calipolenses”?»

Pois bem, calipolenses é o gentílico pelo qual se designam os habitantes de Vila Viçosa (Évora) e que deriva da ocupação romana, apesar da inspiração grega, pois “Calípole” ou “Kallipolis” significa “cidade bela” e é um nome conhecido por ser a cidade em que Platão baseou a sua “República” na sua obra homónima.

A PROFESSORA NOVA

Chegava o mês de outubro e era altura de os moços e as moças voltarem à escola e àquela azáfama dos cadernos e dos livros novos que haviam de chegar à papelaria e depois seriam transportados para a Escola que ficava lá no meio do monte. Os moços e as moças da aldeia tinham passado mais ou menos três meses de férias. Nesta altura as férias de verão eram longas e longas e quando estavam a chegar ao fim, parecia que tinham começado no dia anterior.

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