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literatura

REVISTAS

A Dona Giralda apressou-se a sair de casa naquele dia. Bem, naquele dia e todas as semanas no mesmo dia, à mesma hora. A Dona Giralda, filha do Senhor Giraldo, senhorio de muitas casas na vila, mas já falecido há muito anos, era uma senhora que, sem nunca ter casado e sem filhos, vivia sozinha no casarão, com a ajuda da Dona Rosário que sempre a acompanhara toda a vida, como governanta da casa.

DEVENDRA E O REJUBILAR DA CONSCIÊNCIA

A todo o ser humano apto, i.e., ciente da sua funcionalidade, compete (e desde muito cedo) encontrar um caminho para a necessária distanciação que lhe permita sobreviver, num mundo onde quase tudo em quase todos os momentos o pode matar, com mais ou menos sobressaltos (consoante a parte do planeta onde lhe tenha cabido nascer). O caçador-recolector demasiado consciente da morte de que nunca verdadeiramente nos libertámos enquanto espécie.

FILOSOFIA DAS COISAS

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Duas coisas nunca são iguais e a filosofia vai muito mais além. Bem, será porventura errado falar em coisa. É vago e disperso. Há nas coisas, a que é uma e a que é a outra, uma utilidade subjacente. Tudo isto se concretiza num grande saco de penas, uma almofada.

CEBOLAS

Hoje de manhã, aí por volta das nove horas, ia no metro em direção ao centro de Nova Iorque, metro cheio, gente de todo o feitio e dei por mim a pensar. Não raro penso quando estou sozinho e estou-o muitas vezes. É bom pensar, concordar com e discordar de. Perdoe-me lá o uso da preposição no final da frase, mas há vezes em que a própria gramatica nos intriga e faz pensar porque é que em papiá kristang se chama ossulíngua. Haverá uma explicação tão certeira como a de muitas outras coisas cuja explicação é tão evidente e não obstante nos escapa.

AS FIGURAS DE CERA

O tempo passa a fugir ou a correr, como preferirem. As coisas que o tempo ajuda a passar a fugir ou a correr não são nem mais nem menos do que um pequeno lago cheio de água que seca no verão e se enche no inverno. Com as primeiras chuvas vêm as primeiras vidas a nascer lá dentro. Os girinos vão crescendo e mutam-se para outra coisa. As pequenas poças de água são fonte de vida.

AS IRMÃS BRONTË E O IRMÃO ENCOBERTO

(também por um filme esquecido de André Téchiné)

O ano de 1847 terá sido, como de resto todos, parco em milagres. Mas lá do ponto escondido e de dimensão mais do que provavelmente nula de onde eles vêm, houve lugar a um; um multiplicado por três: foi o ano da publicação de Wuthering Heights, Agnes Grey e Jane Eyre, da autoria de, respectivamente, Emily Brontë, Anne Brontë e Charlotte Brontë, as três manas Brontë.

O CESTEIRO

As mãos do Ti Feliciano Costa eram envelhecidas e gastas pelo tempo. Eram mãos deformadas pela artrose e gretadas do frio e do trabalho. Os seus dedos, grossos, já não se endireitavam. A imagem mais clara que tenho de si é a de um homem envelhecido, cansado, curvado pelo tempo, que se sentava numa cadeira de madeira em frente à porta da velha casa de taipa, ao lado da ribeira, onde a mesma curvava e que passava a tarde a manusear o vime, fazendo cestos de todo o feitio.

"PRIMAVERA LITERÁRIA BRASILEIRA" VISITA ÉVORA

Já na sua quarta edição, a “Primavera Literária Brasileira” (“Printemps Littéraire Brésilien") vai passar por Évora na sua edição 2017.

Também com passagens por Lisboa, Óbidos e Sintra, este espaço de promoção e discussão literária em torno da língua e cultura lusófona, já começou, na Sorbonne, em Paris, na passada semana, e chega a Portugal no dia 30 de março e, além de Portugal, terá presença em França, Bélgica e Espanha, como avança a Lusa.

LINHAS CRUZADAS

Os comboios são lagartas que deslizam em linhas de ferro. São lagartas às cores, cinzentas, vermelhas, azuis e amarelas. Nas linhas de ferro, frias e desumanizadas, os comboios deslizam suavemente como se fossem lagartas. Em carreiros como aqueles que as formigas fazem, deslocam-se de um lado par ao outro, cheios de gente lá dentro.

BIBLIOTECA DE ÉVORA COMEMORA 212 ANOS

Hoje, sábado, 25 de março, Biblioteca Pública de Évora celebra 212 anos, o que a torna na mais antiga biblioteca pública do país.

Para celebrar, a biblioteca tem um programa vasto e variado e quer celebrar consigo:

 10h30 | Visita guiada para os elementos do grupo ÉvoraSketchers, que irão desenhar a Biblioteca durante o dia.

10h30 | TuuTuu - Teatro sensorial para bebés e crianças até 3 anos - AGORA Teatro. Inscrições limitadas.

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