Está aqui

literatura

ESCREVO DO QUE ME CORRE NAS VEIAS: O ALENTEJO

Da sua poesia escreve José Luís Peixoto: "Os poemas de Dinis Muacho aspiram à melodia, ao equilíbrio. Possam os seus caminhos cruzarem-se com os olhos de muitos leitores." Falamos como já percebeu de Dinis Muacho, amante da fotografia, do fado, do cante e poeta militante. 

SOBREVIVENTE

De súbito ele chega e agarra cada pedaço teu! Rouba-te o chão, espalha nele os poucos pedaços de carne que ainda te cobriam a alma e queima-os na frente dos teus olhos sem vida. É aí que entras numa nova fase da tua existência…

NEVOEIRO

Na senda dos campos desconhecidos, há um inverno que se prolonga. Nos altos das montanhas, sopra o vento frio e cavernoso e as árvores acomodam-se  deixando gelar as folhas. As árvores não se avistam pois o nevoeiro cobre todo o espaço entre si e as músicas que se ouvem. Não são êxitos pop, mas sim o leve assobiar das árvores quando tocam o vento e se apaixonam pelas folhas. Num dia de nevoeiro, tudo parece mágico como se não houvesse uma linha de horizonte definida.

SOBREVIVENTES DO AMANHÃ

Em segundos, é possível mudar de vida. Uma palavra, uma imagem, uma frase descontextualizada altera tudo. De surpresa, a clarividência passa correndo por sua mente, como uma gota de chuva indo ao chão. Nossa compreensão engrandece e envelhecemos anos num piscar de olhos. Antigas memórias resguardam o nome de um indivíduo que não mais existe.

AS LÂMINAS DA BARBEARIA DA VILA

A vila não era muito grande. Ao todo, devia ter aí umas 600 pessoas a viver lá em permanência. Havia muitas casas vazias, de pessoas que morreram, casas sozinhas deixadas por pessoas que foram viver para outras paragens e casas quase a cair, de pessoas que se esqueceram que, naquele lugar, havia uma casa ou mesmo de pessoas que já não tinham ninguém que se lembrasse que lá havia uma casa.

ERA GUARDA-REDES

Isto aconteceu há alguns anos atrás. Liceu de Beja, por volta das 08:30 da manhã. O toque de entrada ecoava em todo o liceu, emanado das estridentes campainhas que marcavam a hora de entrar na sala. Agitada, a turma de 9º ano rodeava a porta, à espera que chegasse o professor. Iam ter matemática durante 90 minutos. Rui não se interessava muito por disciplina nenhuma. Era um aluno mediano em todas as disciplinas e nunca tinha excelentes notas nem nunca baixava dos cinquenta por cento. Tinha, porém, uma paixão que não deixava nunca de o acompanhar.

“A ODE ETERNA” APRESENTADA EM ÉVORA

A “Ode Eterna”, a primeira obra do eborense Cláudio Sousa, foi ontem apresentada na Biblioteca Pública de Évora.

Com dezenas de pessoas presentes – facto que surpreendeu e foi digno de referência quer pela representante da Chiado Editora, quer da Biblioteca Pública de Évora – Cláudio Sousa apresentou uma obra que foi escrita ao longo de mais de uma década, o que proferiu à mesma um forte cunho pessoal e sentimental do autor, facto referido pelo orador Jorge Branquinho, amigo do autor.

A IDADE DO BRONZE

Dois amigos conversavam no meio da rua como se fossem desconhecidos de longa data. O nome de um era igual ao nome do outro. Eram ambos José e não se conheciam por outro nome a não ser Zé. O Zé dizia ao Zé que tinha visto um programa na televisão sobre a Idade do Bronze e o Zé respondia, a perguntar, com ar espantado, se se referia à Idade do Bronze que era antes da Idade do Ferro e depois da Idade da Pedra. Zé respondia que sim. Tinha sido um documentário interessante, mas Zé não percebia muito do assunto.

ÉVORA CRIA ROTEIRO DE “APARIÇÃO”

Em ano de centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, Évora vai criar um roteiro baseado na obra “Aparição” e que vai “recriar” os espaços e locais percorridos pelo sujeito poético nesta conhecida obra literária e até os espaços onde o próprio Vergílio Ferreira passou.

PALAVRAS CRUZADAS

Nunca fui pessoa de completar um jogo completo de palavras cruzadas de uma assentada. Tentei algumas vezes, umas com sucesso, outras de forma infrutífera, chegar o mais longe possível na descoberta das letras e das palavras, a partir dos seus significados dados nas pistas. É tudo uma questão de semântica, dir-se-ia. E é com essa semântica que se procura chegar aos sentidos das palavras e ver que letra se encaixa naquele quadrado particular. É preciso que se adeque ao vertical e ao horizontal.

Páginas