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literatura

Km 135 - Sentido Norte / Sul

A vida de muitos de nós passa por diferentes lugares, distâncias que se encurtam e outras que se alargam. Saber contar essas distâncias é um privilégio que muitos de nós gostaríamos de ter. Demonstra por um lado, atenção aos pormenores e ao que implica saber ir do ponto A até ao ponto B. Por outro lado, demonstra que na nossa vida importa percorrer esses caminhos e aproveitar o percurso. Há quem visione a vida como uma autoestrada que tem portagens no início, muitas a meio e todas elas no final. As portagens são uma metáfora do preço que temos de pagar para atravessar esse caminho.

O centro

Quem vivia marginalizado naquela terra imaginária nunca tinha ido ao centro. Quem vivia nas pontas do lugar do mundo onde reinava a fome, nunca tinha ambicionado conhecer o centro. Talvez por não conhecer nem o centro nem os que lá viviam. Essa realidade era absolutamente irrelevante para as periferias.

Lisboa talvez seja hoje e amanhã e depois, talvez tenha sido durante esta semana o centro deste mundo, da espiritualidade, da fé. Numa mensagem que se ecoa e tem ecoado nas últimas horas, a inclusão, todos, todos, todos.

Calor em gelo

Era a vendedora ambulante mais procurada em toda a cidade. Movimentava-se nas ruas com o seu carrinho de três rodas. Acompanhada sempre pelo leal companheiro que era o seu rafeiro, passava os dias a trabalhar para ganhar alguns tostões.

A vendedora mais famosa e apreciada tinha um posto diferente em casa esquina da cidade. Não ficava no mesmo sítio durante dois dias seguidos. Em cada dia da semana, sem excepção, estava no sítio do costume, desse dia.

Trovoada

Os dias são de imenso calor no Hemisfério norte! No Sul é inverno. Sempre achei tão curiosa esta diferença entre o norte e o sul. A oposição de acontecimentos entre um e o outro. Enquanto um hemisfério aproveita o calor, o outro suporta o frio, ou o contrário. Em todos os sentidos… há quem goste do calor e há quem adore o frio, há quem despreze o calor e odeie o frio. São sentimentos demasiado fortes que não deveríamos experimentar. É minha filosofia pessoal não ser atraído por extremos. Como dizem os anúncios, aproveite com moderação.

Oito noites sem dormir

Primeiro ouviram-se algumas explosões ao longe. Antecipavam que alguma coisa se ia passar. Era noite e, por isso mesmo, além do som, viam-se ao longe os clarões que acompanhavam o ruído dos explosivos a detonar.

No monte isolado, aqueles que lá viviam eram familiares com o som das explosões e do perigo que elas traziam consigo. Arrastavam, atrás de si, um rasto de temor e um cheiro a morte e devastação.

As melancias este ano vieram mais tarde

Estávamos no início de julho e toda a gente começava a sentir o calor do mês. Especialmente no Alentejo o tempo tem estado assim como que a modos de tomar umas águas de Monchique frescas e comer uns arjamolhos com umas pedras de gelo para refrescar.

Debaixo das figueiras ainda se apanha o fresquinho, ainda se pode dormir uma folga daquelas à antiga. Para quem se levanta às 5 da manhã, começa a trabalhar na horta ou na feira às 6, aquela hora de maior calor é o momento em que o descanso é pedido.

Uma história nova

Entra o mês de julho! Começa no dia de hoje. Julho é o mês de mais calor em Portugal, mas também é o mês em que tantos de nós regressam a casa, às suas casas, a cada uma das casas que habitam ou arrendam.

No mês de julho, as histórias antigas do ano, contadas vezes sem conta em momentos de família, tornam-se histórias novas, agora contadas em Portugal, aos familiares e amigos.

Canções de embalar

No primeiro dia, as ruas, as gentes, o pequeno movimento, em nada parecia ser muito diferente do último dia. Os dias primeiros seguem-se aos últimos. Os primeiros de cada mês são sempre a seguir ao último do mês anterior.

Por todo o mundo, ao longo de todos os pontos de latitude e de longitude, nasciam bebés no primeiro dia e morriam pessoas no último dia das suas vidas. De tal forma é o ritmo das coisas naturais que muito pouca gente o questiona.

Cálculo

Há o cálculo aritmético, o cálculo matemático e depois há o cálculo renal. Antíbio sofria do último. Só a sua própria vivência poderia explicar o sofrimento que é viver com um cálculo renal. Antíbio, além do cálculo, era também um matemático famoso. Ensinava até na universidade e fazia estudos e tinha doutoramento e tudo. Tinha a capacidade de calcular tudo e mais algo. O algoritmo!

10 de Junho

Hoje é o dia! Esta crónica é escrita dia 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Já nos referiremos aos três, separadamente.

Hoje é o Dia! Dia de Portugal. Celebra-se nesta data a nossa festa nacional, à semelhança de outros países e de outras festas. Neste dia, eleva-se o orgulho nacional e sentimos que somos todos portugueses. Devo confessar que, a viver em Portugal, como muitos dos portugueses que no território nacional habitam, pouco noto da celebração. Não deixa, contudo, de ser o Dia de Portugal.

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