Está aqui

literatura

N coisas

Muito, muito. Demasiado. N coisas. Tanto, tanto, uma enormidade. Nunca tinha visto tantas coisas reunidas num só local. Havia um espaço pequeno repleto de coisas. Umas absurdas, outras convencionais. Um exagero de coisas que se avolumavam.

Nico Nunes habitava nesse espaço. Era menos do que um pequeno quartinho. Era onde vivia. Nico Nunes tinha ali naquele espaço n coisas. Recolhia-as há anos e anos. Aquilo que no início parecia um gesto normal tornara-se uma obsessão, uma desordem emocional que o levaria, anos mais tarde, a ser internado num hospital psiquiátrico.

Mistério no curral da Mimosa

Estávamos no ano de 1743, mais ou menos quase a meio, no mês de maio. A localização era a pequena freguesia de Santa Susana, localizado no meio dos montes. Não ficava absurdamente longe da povoação seguinte, mas ainda eram umas boas léguas até ao povo.

Lux Noctem

Deixei-me adormecer debaixo da mais sumptuosa e simultaneamente simples azinheira que se desenhava no recorte do Alentejo. Alumiada pela luz da noite, a azinheira centenária acolhia a luz da noite e eu dormia nos seus braços como uma criança feliz e segura.

A luz da noite, lux noctem, sussurrava-me aos ouvidos as belezas do universo, das coisas que se moviam nos ares escuros e que traziam consigo os sonhos que as crianças têm enquanto dormem.

Kalimero

Recordo-me tão bem de ti, quando ainda tinhas metade do ovo na cabeça e era o pinto frágil e tímido que me entrava pela televisão a dentro. E eu ficava contente e gritava, obrigado, obrigado!!! Fora eu grego, soubera eu o significado do teu nome. Kalimero, obrigado, obrigado. Encontramo-nos ambos, depois, muito mais tarde e mais velho. Não te reconheci à primeira vista. Talvez fosse porque o ovo que até aí tinhas na cabeça, era aquilo que te diferenciava dos outros. Bem, também poderia ser a tua timidez. Kalimero. Encontrei-te e não te reconheci no primeiro momento.

J de José

José sorria jocoso enquanto jogava um jogo chamado Jeopardy. Sentado no jardim, rodeado de jasmim, já sabia que aquilo não ia correr bem. Junto a ele estava um jarro de mel jeitoso. Bem desenhado, o jarro começava a ficar rodeado de abelhas que faziam jjjjjjjj. José começou a ficar nervoso e começou a andar de um lado para o outro, gritando por ajuda. O pobre rapaz era alérgico a picadas de abelhas, especialmente as que faziam jjjjj.

Imprudência

Gavina! Gavina! Gavina! Gritava o homem a peito cheio, na discussão que travava com a vendedora do mercado. No lugarejo de Imparável, ninguém parava o ímpeto consumista dos habitantes de Imparável, que por acaso se chamavam imparáveis. No lugarejo ninguém parava, nem a dormir. Nessa altura, toda a aldeia sonhava, que era a mesma coisa que estar a fazer alguma coisa.

História Curiosa da Medicina- Uma sugestão Tribuna

Na Grécia Antiga, Hipócrates – “o pai da medicina” – acreditava que a única maneira de saber se uma mulher estava grávida era introduzir uma cebola na vagina e mantê-la lá durante a noite. Se no dia seguinte o legume conservasse o seu sabor, isso queria dizer que estava grávida. Poderiamos escolher um exemplo menos gráfico para apresentar esta História Curiosa da Medicina, mas este serve bem para mostrar as histórias que nos traz o médico espanhol e divulgador científico, Pedro Gargantilla.

Hiato

Hugo andava louco naquele tempo. Naqueles dias em que nada crescia nas planícies ou nos campos imensos, Hugo sentia-se profundamente infeliz. Não creio que mesmo que viesse a chuva, deixaria de assim ser. Habitava num local perdido entre duas grandes cidades.

O nome fora-lhe dado por isso mesmo. Entre as cidades imaginárias de Heráclito e Herodia, Hugo morava no pequeno povoado de Hiato.

Falsificação

Frederico Ferreira Fernandes era falsificador de filmes, fotografias e fotocópias. Habitante de Famalicão, fazia as suas falsificações numa firma de frigoríficos. Amante de cinema, Frederico Ferreira Fernandes tinha uma vida calma e, sempre que podia, ia ao cinema ver um filme. O seu favorito era o Frankenstein. Tinha visto o filme vezes sem conta. Tantas vezes tinha Frederico feito as mesmas coisas que os vizinhos e os habitantes de Famalicão já lhe conheciam as rotinas.

Moita Flores na Feira do livro de Viana do Alentejo

Começou ontem, na Biblioteca Municipal, a Feira do Livro de Viana do Alentejo, uma iniciativa do Município de Viana do Alentejo.

Páginas