15 Outubro 2021      22:59

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Dia Mundial da Alimentação, mas há um retrocesso na luta contra a fome

Hoje, 16 de outubro, comemora-se o dia Mundial da Alimentação e do Pão, além da coluna, mas é um alerta Índice Global da Fome 2021 que chama à atenção: há um retrocesso na luta contra a fome.

O relatório revela que o mundo não está no bom caminho para alcançar a Fome Zero até 2030 devido aos conflitos violentos, às alterações climáticas e à pandemia da COVID-19.

Houve retrocessos na luta contra a fome e são já cerca de 50 países os que não conseguirão atingir a Fome Zero até 2030, de acordo com relatório divulgado pela ONG Ajuda em Ação.

A mensagem é clara: o mundo como um todo - e 47 países em particular - não conseguirá atingir um baixo nível de fome até 2030, uma meta das Nações Unidas, e que teve um progresso demasiado lento, mostrando agora sinais de estagnação ou mesmo de retrocesso, e estando em causa a segurança alimentar e o desenvolvimento económico e social de milhões de pessoas em todo o mundo, em grande parte provocado pelas “alterações climáticas, da COVID-19 e dos conflitos está a fazer-nos regressar a um mundo que pensávamos ter deixado para trás. A pobreza extrema aumentou pela primeira vez em 20 anos e a fome, algo que pensávamos que tínhamos relegado para a história, está de volta”, alertam Mathias Mogge, Secretário-Geral da Welthungerhilfe, e Dominic MacSorley, Diretor Executivo da Concern Worldwide, duas das entidades responsáveis pela execução do relatório e que pertencem também à rede Alliance2015, uma plataforma europeia de ONG.

Existem 30 milhões de pessoas que não sabem de onde vem a sua próxima refeição. Se ao longo das últimas duas décadas a fome no mundo vinha a decrescer, desde 2012 este progresso tornou-se mais lento e a prevalência global de subnutrição - um dos quatro indicadores utilizados para calcular a pontuação do IGF – também voltou a aumentar.

Na edição deste ano, o IGF posiciona um país, a Somália, num nível de fome extremamente alarmante, cinco países em níveis alarmantes - República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo, Madagáscar e Iémen - e outros quatro classificados provisoriamente como tendo uma situação alarmante - Burundi, Comores, Sudão do Sul e Síria. A fome foi ainda identificada como grave em 31 países e é provisoriamente classificada como grave em mais 6 países.

Em 2020, 155 milhões de pessoas estavam em situação de grave insegurança alimentar - um aumento de quase 20 milhões em relação ao ano anterior – e cerca de 30 milhões estavam à beira da morte por fome, o que significa que não sabiam de onde vinha a sua próxima refeição.

A Ajuda em Ação é uma Organização Não Governamental (ONG) internacional de origem espanhola com presença em Portugal. Foi fundada em 1981 e atua em áreas como a pobreza, a desigualdade, a vulnerabilidade, a exclusão social, as alterações climáticas e a emergência humanitária. Como não poderia deixar de ser, juntou à sua missão a luta contra a disseminação do novo coronavírus bem como um dos seus grandes efeitos colaterais, a pobreza. Qualquer que seja o âmbito da intervenção da ONG, a dignidade daqueles que apoia surge sempre como pilar central no trabalho desenvolvido.