17 Outubro 2021      10:48

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Portugal retirou da pobreza 3 vezes mais pessoas que previsto

Desde 2008, a UE27 conseguiu retirar 12 milhões de pessoas da pobreza, valor ainda muito distante da meta definida para o ano 2020: reduzir a população em risco de pobreza e exclusão social em 20 milhões de pessoas face ao ano 2008. Na verdade, em diversos países da UE (9 de 23 com dados disponíveis para 2020: Alemanha, Espanha, França, Países Baixos, Suécia, Dinamarca, Estónia, Malta e Chipre) o número de pobres até aumentou face a 2008.

Na UE a 27, em 2019, 91 milhões de pessoas estavam em situação de pobreza e exclusão social.

Assinala-se hoje o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, e os dados apresentados pertencem à Pordata que destaca um conjunto de indicadores que permitem conhecer a pobreza em Portugal e na Europa. A seleção de indicadores incide nas várias facetas da pobreza e a sua relação com a família, o trabalho ou a escola.

Em Portugal, os dados mais recentes para 2020 revelam a existência de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza e exclusão social, no entanto, Portugal conseguiu retirar desta situação 721 mil residentes, desde 2008, o que mais que triplica a meta definida para o ano 2020: diminuir a população em risco de pobreza e exclusão social em 200 mil pessoas face ao ano 2008.

Este é igualmente o mês em que o governo coloca em discussão pública a versão preliminar da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021 – 2030. As raízes da pobreza, como outros fenómenos sociais, extrapolam a esfera dos rendimentos individuais e repartem-se entre as condições de habitação, o mundo do trabalho, a família ou a escola. Pode acompanhar a evolução destas várias áreas nas bases de dados da Pordata, comparando-as com as metas estabelecidas na Agenda 2020 e com Agenda 2030 -

Adicionalmente, em abril de 2021, a Fundação Francisco Manuel dos Santos, ciente da premência do tema, publicou um extenso e importante retrato da pobreza em Portugal, intitulado “A Pobreza em Portugal - Trajetos e Quotidianos” e coordenado por Fernando Diogo, professor de Sociologia na Universidade dos Açores. Este estudo, que inova por aliar a representatividade estatística à análise qualitativa, permitiu identificar 4 Perfis de Pobreza em Portugal: “Reformados”, “Precários”, “Desempregados” e “Trabalhadores”, confirmando a natureza estrutural da pobreza em Portugal.

O estudo A Pobreza em Portugal - Trajetos e Quotidianos coordenado por Fernando Diogo, professor de Sociologia na Universidade dos Açores, confirma a natureza estrutural da pobreza em Portugal.

Quem são as pessoas em situação de pobreza em Portugal? Qual a sua história e trajetória? Como vivem? Compreender a diversidade da pobreza, conhecer as trajetórias da população pobre e perceber de forma aprofundada como esta vive foram os grandes objetivos deste estudo, cujos resultados permanecem pertinentes conhecer e divulgar.

O que é o limiar de pobreza? É o limite a partir do qual se define a situação de pobreza, nos vários países da UE27, é muito diferente.

Em Portugal, o valor abaixo do qual se considera que alguém é pobre situava-se, em 2019, 6480€ anuais, ou seja 540€ mensais. Se olharmos para estes valores a preços constantes (descontando o efeito da inflação), o limiar de risco de pobreza, aumentou 1210€, entre 2003 e 2019, o correspondente a um aumento de 100€ mensais. No entanto, entre 2010 e 2013 houve uma inflexão em relação aos anos anteriores e só em 2018 se superou o valor de 2009.

 

Poderá aceder gratuitamente à versão completa deste estudo na área de Estudos Publicados, em www.ffms.pt/publicacoes/grupo-estudos/5364/a-pobreza-em-portugal-traject...

 

 

Imagem de trental. ru