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Sentimentos

Quarentenar os sentimentos?

«Ninguém morre de amor» têm vindo a dizer-me repetidamente; mas tu morreste. «Ninguém realmente aguarda por ti assim tanto tempo» têm vindo a precaver-me; mas tu esperaste. Não queremos saber, nem utilizamos relógios. Coincidências? Telepatias. Esquece tudo aquilo que aprendeste nas Matemáticas, nas Químicas e nas Físicas. Não precisamos disso; somos de letras. Nascemos e morreremos nas frases. Dissolve as memórias dos metros, litros e graus no teu chá matinal; talvez o tempo seja o único indicativo de medição perfeito e aceitável, porém, algum dia é sempre tarde.

QUEM NÓS SOMOS (UMA NOTA DESPUDORADA DE VERDADE)

Existem pessoas que nunca se questionam acerca de sentidos e direções. Andam como que na certeza de que os seus pés, metaforicamente falando, funcionam em piloto automático. Andam como que na certeza de que existirá sempre um lugar onde os seus pés poderão descansar e mesmo que esse lugar não seja, numa primeira instância, o seu favorito acabarão por ser habituar.

DA MEMÓRIA DAS COISAS

Às vezes, não raro, dou por mim a pensar nas coisas. Penso no dia que começou, se for de manhã. Penso na noite, se for de tarde. Penso em quase tudo e não penso em nada ao mesmo tempo. Por vezes, nessas alturas em que estou a pensar nas coisas que foram, nas que não foram, nas que podiam ter sido e nas que foram, mas não aconteceram da maneira que gostaria, surge um lapso de memória. Visualizo uma planície que é interrompida e substituída por altos edifícios de uma cidade que parece agressiva, mas não o é, e fecho os olhos pensando em que dia da semana se podem comprar, na cidade, os vegetais que são cultivados na planície.