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Jorge Branquinho

A Revolução de Veludo (parte II)

Anos 70, Londres, sob o habitual céu cinzento, “refulge de brilhantes e maquilhagem”, uma nova ordem simbólica emergiu, fundeada na cena musical. Recolheu e abrigou miúdos, lascivos e os “náufragos das sarjetas”, acenando-lhes com o excesso de cor e oferecendo-lhes ídolos que se parecem com os seus reflexos nos espelhos. O GlamRock reina, e disso mesmo somos informados pela insuspeita BBC.

“Todos somos bissexuais!” – Palavras aladas vindas da boca de um jovem sorridente com uma mulher nos braços.

A Revolução de Veludo (parte I)

Ninguém respeita mais o sagrado que os não crentes. Até porque quando o encontram, não foram a livros ou discursos fáceis. Sabem escolher. Ao não crente dá-lhe para a rebeldia e menos para a contemplação acrítica; é da sua natureza, digamos. E quando lhe dá para a confissão, fá-lo por se querer reencontrar e não para alcançar a absolvição. Méritos, esses, não são sequer comparáveis, pois, convenhamos, é muito mais assustador saber que nunca se saberá o que se encontra para lá do Universo, do que imaginar lá uma divindade benigna à sua imagem.

A Morte De Um Apicultor – um livro.

Ler a obra-prima de Gustafsson é um privilégio.

Desde logo pelo título. Principiando pelo português, é claro. Conciso, estético, qual poesia distorcida a remeter para a dureza do inequívoco.

The Magnetic Fields: 50 Song Memoir

Não foi amor à primeira vista. A expectativa, essa sim, era imensa, as circunstâncias exigiam-no. Afinal, na memória (como não?), havia uma espécie de irmão mais velho que a seu tempo tudo esmagara. Uma sombra sem fim à vista numa Terra que é esférica e, por isso, sem fronteira definida – o que convém destacar, mesmo se óbvio, dados os tempos confusos.

4 notas juntas

1 -Aldous Harding - Blend

A VERGONHA, DE INGMAR BERGMAN

A Vergonha (Skammen) (1968), de Ingmar Bergman

Um filme sobre a guerra dirigido por Ingmar Bergman. Eis uma frase que soa estranha. E em bom rigor, logo que o filme começa começamos a ouvir falar de uma guerra. Pouco se adianta, mas sabemos que já decorre há algum tempo.

Mais, a fórmula usada nos planos iniciais do filme já é sintoma dessa guerra. E depois a guerra chega, i.e., é mostrada. Artifício de explosões depois dos maus presságios.

O DESERTO DOS TÁRTAROS

O Deserto dos Tártaros (1976), de Valerio Zurlini

 

UM TRIO DE TRÊS MAIS UM, COMO OS MOSQUETEIROS

Twin Peaks (90-91), Conan, o Rapaz do Futuro, True Detective e The Walking Dead:

QUANDO AS BOTAS SÃO EXCESSIVAMENTE PESADAS OU O AR DEMASIADO FRIO

The Last Detail, 1973 (i.e., quando as botas são excessivamente pesadas ou o ar demasiado frio) Hal Ashby

DO CINEMA, DO CINEMA DE GUERRA E DO CINEMA DE LARISA SHEPITKO

Shepitko: Larisa no mundo dos homens.

 

Pode partir-se do princípio, que aliás soa a óbvio, que qualquer filme é uma luta que se idealiza intensa entre a visão do seu criador e a luz que ricocheteia, percepcionada como imagem pelo espectador (segundo se diz) na orla do cerebelo. Um mecanismo (por via de um mecanismo) de planeamento e execução tendo em vista um determinado resultado, que o criador pretende sublime.

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