Há poucos dias atrás tive a oportunidade de colocar algumas questões ao Presidente Executivo da ANA - Aeroportos de Portugal sobre a falta de aproveitamento do Aeroporto de Beja.
Esta oportunidade não podia ser desperdiçada! Parecia-me fundamental tentar perceber, através de um dos principiais protagonistas do setor, qual o seu pensamento sobre esta matéria.
No sentido de tentar perceber o que é que a ANA pretende fazer com o Aeroporto do Beja, coloquei-lhe as seguintes questões:
1 - Há alguma aposta para passageiros?
2 - Há algum investimento nesse sentido?
3 - Quais os mercados estão a apostar?
4 - Há alguma perspetiva para as empresas aeroportuárias low cost?
A sensação que deu, com base na intervenção do Sr. presidente Executivo da ANA, é que o Aeroporto de Beja é para esquecer! Fez um esforço muito grande para justificar algo, mas o resultado final foi mesmo nada!
Lisboa está a abarrotar! Apresenta-se negativamente no ranking dos tempos de esperas em aeroportos! Mas o Aeroporto de Beja está praticamente inutilizado. Não acredito que num contexto de forte crescimento do turismo, com Lisboa e Faro a abarrotar, o Aeroporto de Beja não passe pela solução! Também o turismo no Alentejo tem apresentado resultados muito entusiasmantes que não podem ser ignorados.
A ANA tem aumentado fortemente o seu volume de negócios. As taxas aeroportuárias têm aumentado substancialmente, mas os aeroportos mais frágeis ficam à parte! Onde está a responsabilidade social da empresa?
Questionei se existe alguma negociação entre a ANA e o Governo no sentido da utilização do Aeroporto de Beja? Não obtive qualquer resposta. Ou seja, o desinteresse é enorme.
Questionei se tem havido algumas negociações com a empresa IP - Infraestruturas de Portugal no sentido da melhoria da linha ferroviária Beja - Funcheira - Algarve e Beja - Casa Branca - Lisboa? Ou então, se estão a negociar algo ao nível da melhoria das vias rodoviárias de Beja? Também sem respostas.
Acredito que o Aeroporto de Beja ainda pode ser uma âncora para o desenvolvimento regional.
O Aeroporto de Beja ainda pode ser um projeto estimulante. O desenvolvimento dos territórios mais frágeis, sobretudo do interior e de baixa densidade, necessita de políticas públicas fortes. Políticas públicas que façam a diferença. O desafio passa por aqui! Porque se houver Infraestruturas adequadas (com políticas públicas certas), os investidores privados vão aparecer, logo passa a haver criação de emprego, logo melhoria da qualidade de vida das populações, logo mais riqueza. Só assim se podem fixar pessoas.
Alqueva é um bom exemplo de políticas públicas acertadas. De investimento publico bom!
A viabilização desta Infraestrutura decorre numa aposta de médio prazo. Ainda assim, devemos olhar para o potencial do Aeroporto de Beja em função das características e potencialidades da região. Continuam a existir um conjunto de oportunidades para o aeroporto, designadamente: transporte aéreo associado ao turismo, a logística e a indústria aeronáutica, o parqueamento de longa duração e a carga área.
Com o desenvolvimento de diversos projetos turísticos, o transporte de passageiros associado ao turismo pode constituir uma das possibilidades do aeroporto no curto e médio prazo
Fazer apostas nos territórios mais desenvolvidos, predominando uma lógica de competitividade, é errado! É péssimo para todos!
Como já tenho referido, apostar a carga toda na proa do navio, significa que um dia o navio não vai aguentar.
Fica a reflexão.
Siga o Tribuna Alentejo no e no . Junte-se ao Fórum Tribuna Alentejo e saiba tudo em primeira mão