21 Janeiro 2023      12:01

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Uma crise política. Uma tradição que se rompe!

As derrotas do Partido do Socialista nas legislativas que ocorreram nas últimas duas décadas estiveram associadas a desastres económicos. Esta situação quase passou a ser considerada uma tradição.

Lembramos as situações do famoso «Pântano» de António Guterres e da «Banca Rota» deixada por José Sócrates.

O caso António Guterres e o pântano, aconteceu na sequência de uma derrota estrondosa do PS nas eleições autárquicas de 2001. Esta derrota levou à drástica decisão do então Primeiro-Ministro, optando por eleições antecipadas. Os partidos disseram que sim. Recordando António Guterres: "Se eu tivesse continuado no Governo, ter-se-ia dado uma situação de paralisia, uma situação pantanosa".

Naquele período Guterres estava cansado das intrigas no governo e no PS, da falta de condições para governar e tinha consciência que era impraticável enfrentar a crise económica sem maioria absoluta.

Na prática, uma política económica imprevidente, errada, sem orientação, conduziu a uma crise económica. Foi neste contexto que caiu o segundo governo de António Guterres.

Cerca de uma década mais tarde, Fernando Teixeira dos Santos (antigo Ministro das Finanças) considerou que o governo de José Sócrates falhou na resposta à crise. Numa entrevista dada à RTP, o antigo ministro das Finanças falou sobre o pedido de resgate à troika e disse que o executivo que integrava falhou devido a questões políticas.

E é neste contexto, de PEC em PEC e na sequência das palavras do então Ministro das Finanças Teixeira dos Santos que José Sócrates apresentou a demissão do Governo, que, na perspetiva dele, ocorreu em consequência do chumbo do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) no Parlamento, "acrescentaram-se dificuldades políticas às dificuldades económicas".

Mais uma vez, estávamos perante uma das maiores e mais graves crises económicas geradas por um Governo em Portugal: um País novamente em «Banca Rota». Só mais tarde é que «vieram à baila» os casos em que José Sócrates e alguns governantes estiveram envolvidos.

Hoje em dia é diferente, este Governo, apesar de não concordar com a maioria das suas políticas e com o modelo económico que nos é apresentado, tem conseguido ter algum cuidado com as contas públicas. É verdade que as contas públicas têm andado minimamente controladas.

Por isso mesmo, não me parece que seja pela economia que este Governo esteja em risco. A crise gerada por este Governo é meramente política. Por um lado, são as falhas políticas evidentes na área da Educação, Saúde, Justiça, execução dos Fundos Comunitários, a falta de Coesão Económica, Social e Territorial, etc. Por outro, são as confusões geradas pelas escolhas dos nossos governantes. São casos e mais casos que levam à descredibilidade do Governo. Mas também à descredibilidade da política e dos seus intervenientes.

Vivemos um lamaçal político! Já ninguém consegue distinguir «o trigo do joio». Uma crise fortemente alimentada pela comunicação Social (que lhes interessa um lamaçal ainda maior), e altamente benéfica para os populistas que por aí pululam!

Ora bolas! Este Governo tem uma maioria absoluta. Espera-se que introduza reformas no País, que promova mudanças, tornando Portugal num país melhor. Com tanto problema interno, não me parece que seja fácil.

 Já é tempo de atinarem! Mas parece-me que já vai ser difícil!