30 Abril 2024      10:34

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Turismo de Portugal aposta na literatura para desenvolver interior

Lídia Monteiro, vogal do Turismo de Portugal

Lídia Monteiro, vogal do Turismo de Portugal, disse, segunda-feira, em Buenos Aires, que está a ser feita uma grande aposta no turismo literário, pelo seu potencial para atrair visitantes e desenvolver o interior do país.

Em declarações à agência Lusa, Lídia Monteiro, que falava na Feira do Livro de Buenos Aires, em que Lisboa é a cidade convidada de honra, afirmou que há mais de 25 casas de escritores, cada uma com uma história diferente, e que Portugal “tem um potencial imenso: o turismo literário, ou seja, visitar o país com o olhar dos escritores, ou inspirado pelas vidas dos escritores”.

A responsável assinalou ainda que há um cada vez maior interesse em visitar o país a partir daquilo que foi a vida dos escritores nacionais ou a partir de livros que têm Portugal como personagem, de que são exemplo alguns livros de José Saramago, como “Viagem a Portugal” ou “A viagem do elefante”.

Dando o exemplo da Fundação Saramago e da Casa Fernando Pessoa, a vogal referiu ser “muito importante estas casas terem programação e uma narrativa expositiva”, considerando que isto deve ser desenvolvido em todo o país.

Além disso, salientou como o turismo literário “permite levar os turistas a várias partes do país, e não só à capital, e a desenvolvê-los”.

“Muitos autores não nasceram em Lisboa, mas em pequenas povoações. Isso permite que pequenos negócios cresçam à volta destas casas”.

Como exemplo referiu Eça de Queirós, que tinha em Baião, no Douro, uma casa onde passava férias, e Miguel Torga, que nasceu e viveu em Sabrosa, onde existem dois espaços: um centro interpretativo, cujo projeto é do arquiteto Souto de Moura, e a reconstrução da casa de família.

Lídia Monteiro disse ainda que o Turismo de Portugal começou há três anos a ministrar um curso de turismo literário para profissionais, um curso online que começou na pandemia, e que “há cada vez mais pessoas interessadas em fazer este curso”.

Uma cidadã brasileira que visitou o pavilhão de Portugal, acompanhada de um já velhinho livro “Viagem a Portugal”, de Saramago, disse que há anos que viaja para Portugal com aquele romance como guia, e acrescentou que o seu objetivo é experimentar e conhecer tudo aquilo que o autor descreve.

Este ano foi criada uma Rede Portuguesa de Casas de Escritores, sob alçada da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, em articulação com a Biblioteca Nacional.

“Considerando a importância crescente do turismo literário e a necessidade de promover e qualificar a oferta existente, prevê-se igualmente que a dinamização da Rede seja efetuada em articulação designadamente com o Turismo de Portugal, de modo a incrementar a oferta e a estruturação de roteiros literários em torno da vida e obra de autores da literatura portuguesa e, bem assim, proporcionar uma experiência turística diferenciada”, pode ler-se na portaria que criou aquela rede, ainda no mandato do Governo anterior.

 

Fotografia de beira.pt