Nos meus 35 Anos, 11 Meses e 10 Dias, terei agora 431 meses, 13128 dias, 315084 horas, 18905094 minutos e 1134305671 segundos de vida, à hora que escrevo. Contabilizarmo-nos é sempre um exercício interessante. Ajuda-nos a ter noção de nós próprios, a avaliarmo-nos quantitativamente ao mesmo tempo que enquadramos a nossa vida qualitativamente naquilo que contamos. Outros há que terão muitos mais anos do que eu. Muito mais experiência no caminho percorrido e nas viagens das nossas vidas. Cada dia que passa, cada hora e cada segundo é uma nova aprendizagem.
Sendo professor de profissão, sinto que aprendo tanto ou mais quanto ensino aos meus alunos, aos presentes e aos antigos. Trabalhar com cada um deles foi e é uma lição de vida, uma aprendizagem nova a lidar com diferentes personalidades, com seres únicos. Começando pelo aluno sossegado, quase impossível de conhecer na sua timidez, até ao aluno extrovertido que nos surpreende com as suas acrobacias e tentativas de chamar à atenção, umas mais felizes, outras menos, passando pelo rebelde que desconfia e faz e não se deixa cativar facilmente.
Em cada dia de ensino, todos eles contabilizados no tempo de serviço, renasce sempre uma fénix de experiências. As marcas impressas a tinta invisível são tão grandes e tão marcantes como os gestos de carinho que foram recebidos e são retribuídos a todos eles. Acreditem, marcaram-me muito mais do que penso ter marcado a vida de cada um de vós. Cada um é um percurso diferente, uma rede de interfaces de sonhos e realidades que vos tornaram naquilo que não hoje. O professor, eu ou outro qualquer que conheceram, procura somente canalizar os percursos que devem ser percorridos. Aquilo que mais importa, acima de tudo é a realização de cada um de nós. Essa realização pode ser feita ao nível pessoal, ao nível profissional, nas nossas ambições académicas, na nossa satisfação em contruir uma família, no nosso desejo de estar só e felizes com as decisões que tomamos a cada momento. A cada momento, somos sempre pessoas, professores, alunos, filhos, pais, irmãos, amigos e tudo, tudo aquilo que amalgamamos num só.
Começa para mim uma nova etapa, num novo paralelo. Altero, por isso, o nome desta coluna. Passará a chamar-se Paralelo 39N. Pode ser onde estou, pode ser onde estarei. Será sempre um paralelo de vivências, de aprendizagens, de novos rostos, de uma língua quotidiana diferente, entrelaçada em sorrisos e na passagem das horas e dos minutos. Mudei de paralelo. Mudei de rostos, de olhares e de troca de palavras, de câmbio de pensamentos e de experiências. Nos mesmos rostos que fizeram o último ano, revejo os sorrisos, já os recordei nas partidas. Agora é tempo de amainar as velas e deixar que as ondas nos levem ao destino, sem que haja tempestades. Ensinar é aprender. É, essencialmente, aprender a ser feliz com as pessoas que conhecemos, dar-lhes um pouco que as ajude a ser tão felizes como nós, pela sua presença. Aprender é ser e no final deste ano, que se aprenda sempre, na contagem dos segundos, que se aprenda o valor daquilo que se escreve, daquilo que se lê, das palavras e sons que se ouvem e do valor da simplicidade das coisas que são e que vêm ou imaginam. Feliz ano a todos.
Imagem daqui
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