7 Junho 2022      11:07

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Obra em Hostel de Beja descobre parte da antiga cidade

As obras no Beja Hostel, resultante da junção das antigas instalações da Pensão Tomás e do Café Triagá, levaram à descoberta de parte da antiga cidade em abril do ano passado. Tal obrigou a alguns ajustamentos no edifício, e as obras devem recomeçar ainda este mês.

De acordo com o Jornal de Notícias, a Direção Regional de Cultura de Alentejo começou a acompanhar o processo para que as constantes descobertas arqueológicas não fossem destruídas, o que levou a que fossem alterados os sistemas de águas e esgotos.

Atualmente já foram elaborados novos projetos de estabilidade e de arquitetura, e as obras devem recomeçar ainda este mês, com as escavações a durar dois meses. O espaço deverá estar concluído e pronto a receber de novo hóspedes no final de 2023.

António Freire, arrendatário do espaço desde 2014, revela que no local foram encontradas “talhas enterradas no solo, uma magnífica parede e uma cisterna com a mina de água bem conservada que datam do período romano. Mas há mais, temos também muitos vestígios islâmicos”.

Já a arqueóloga Maria da Conceição Lopes, professora auxiliar da Faculdade de Letras da universidade de Coimbra, explicou num vídeo a importância dos achados arqueológicos e disse estar “convencida de que se trata de umas termas romanas”.

Em declarações ao Jornal de Notícias, António Freire refere que, atualmente, a unidade tem 10 quartos que podem albergar 20 pessoas, mas o objetivo futuro é “reduzir o número de quartos e de pessoas”.

Assim, “o hostel ficará a funcionar no primeiro andar e no piso térreo queremos abrir um museu, um espaço visitável por toda a gente. Queremos valorizar a unidade e toda a região de Beja”, justificou o responsável. “No espaço dos achados será criada uma mesanine, uma receção e um bar para que os visitantes possam desfrutar e perceber melhor o que era a antiga Beja romana”, disse.

O espaço já foi visitado por responsáveis de diversas instituições, entre elas a Câmara Municipal de Beja, com quem o promotor pretende estabelecer um protocolo. “Não pedimos dinheiro. Pretendemos somente apoio logístico para a remoção de terras e que seja reconhecido como Projeto de Interesse Municipal (PIM)”, revela António Freire.

Paulo Arsénio, presidente da autarquia, confirma a efetivação do protocolo que, além da remoção de terra e entulhos, “sem custo para o proprietário”, autoriza “a escavação ao longo da fachada da parede até ao limite do passeio e a cedência de pelintos e vitrinas para exposição dos materiais encontrados”.

É ainda de destacar que vai ser levada a cabo uma campanha de angariação de fundos através da plataforma GoFundMe, denominada “Beja, uma janela para o passado”, para pagar os projetos para o hostel funcionar e abrir o museu no piso térreo, num custo estimado de 15 mil euros.

 

Fotografia de  arqueozine.com