4 Novembro 2018      10:53

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Mitigar o isolamento geracional com jogos de tabuleiro

Sobre a mesa podíamos observar umas peças de cartão que formavam uma ilha, algumas cartas e uns objectos que representavam artefactos antigos. Os jogadores tinham que colaborar (o jogo era cooperativo) para conseguir encontrar todos as relíquias e escapar de helicóptero antes da ilha se afundar nas águas do oceano. Embora as regras sejam iguais para todos, cada um tem algumas características individuais que, utilizadas em equipa, podem permitir vencer.

Assisti a esta cena num dos encontros de jogos de tabuleiro que se realizam mensalmente na Biblioteca Pública de Évora. O jogo chama-se “A Ilha Proibida”. Mas não foi isso que me chamou especialmente a atenção. O facto interessante é que os jogadores eram todos da mesma família: filho de 8 ou 9 anos, pai e avós. Três gerações a conviver à volta da mesa, jogando algo em que é absolutamente necessário colaborar para vencer. Três gerações que contrariam a ideia que se tem generalizado de que os mais novos se isolam em frente a ecrãs ou que se afastam cada vez mais dos mais velhos. Três gerações que encontraram uma forma saudável de conviver e, sobretudo, de aliarem diferentes capacidades para o fazer.

Considero os jogos de tabuleiro uma poderosa ferramenta para aproximar gerações. O jogo sempre foi uma forma de diversão presente ao longo da história. Todas as gerações jogaram algum tipo de jogo, mais ou menos elaborado. E todas elas estão, assim, predispostas a fazê-lo… se tiverem oportunidade.

Os jogos digitais têm também o seu lugar na forma como nos divertimos, mas dificilmente têm o potencial (diria até o poder) de colocar pessoas de diferentes idades a conviver à volta de um interesse comum. Há, efectivamente, uma tendência das novas gerações para preferir o digital em detrimento do analógico. Mas isso também acontece porque frequentemente não têm a oportunidade de escolher. Nas sessões públicas de jogos de mesa que organizo assisto a isso frequentemente: vários pais queixam-se de que os filhos só “querem telemóveis e consolas” e quando olham novamente, já eles estão entusiasmados à volta de um jogo montado na mesa ao lado.

Numa época em que tanto se fala de isolamento geracional, parece-me muito pouco lógico desperdiçar uma ferramenta tão poderosa como o jogo de mesa.

Querem a prova? Convido-vos, então, a aparecer na Biblioteca Pública de Évora no próximo dia 10 de Novembro a partir das 10h30. Durante esse dia, haverá jogos disponíveis para todas as idades e de forma gratuita.

Vamos jogar?

 

 

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