26 Novembro 2020      10:01

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Arraiolos pede ação das autoridades para acautelar cultura superintensiva

A Câmara Municipal de Arraiolos manifestou preocupação com os efeitos da plantação de um olival superintensivo no concelho e exigiu a intervenção das autoridades para serem acautelados os impactos no ambiente, avança a Lusa.

Numa tomada de posição publicada na sua página de Internet, o município explicou que “não é contra a inovação tecnológica nas práticas agrícolas”, nem “contra a implementação de tecido industrial na região”, no entanto, “é totalmente contra as práticas abusivas e que põem em causa, a todo o custo, a sustentabilidade dos recursos endógenos e principalmente as condições laborais e de saúde pública das populações“.

De acordo com a autarquia, a plantação de “uma extensa área de olival superintensivo” arrancou este ano em Arraiolos, e a câmara não teve “alguma intervenção ou oportunidade para se pronunciar” sobre o projeto, porque “a legislação não o exige”.

Este novo projeto agrícola vai ocupar uma área de “cerca de 190 hectares” e a rega vai ser feita a partir da albufeira do Divor, o que vai levar “ao consumo excessivo de água desta reserva”. Uma vez que os níveis de água nesta albufeira estão reduzidos, a empresa responsável pela plantação do olival “irá, muito provavelmente, recorrer a captação de água através da utilização de furos, os quais carecem do respetivo licenciamento por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”, revelou o município.

Segundo a câmara, este projeto “levanta muitas questões relacionadas com saúde pública e qualidade da água e do ambiente”, devido à utilização de “produtos fitofarmacêuticos em áreas tão extensas e nas proximidades da população”, neste caso de Igrejinha.

Adicionalmente, com este projeto, será também “gravemente comprometido” o projeto municipal para a criação de uma zona de recreio público e náutica na albufeira do Divor, cuja candidatura já foi apresentada a fundos comunitários.

A autarquia refere ainda que “a plantação do olival em regime superintensivo não representa um fator de desenvolvimento económico e de fixação populacional. Antes pelo contrário, a mão de obra é externa e sazonal e os resultados dos investimentos são acumulados por sociedades externas que os aplicam noutras regiões ou inclusive noutros países, como Espanha”.

Assim, o município pretende que sejam “acautelados os impactos na conservação do solo, qualidade da água superficial e subterrânea, saúde pública, na perda de biodiversidade e de algum modo também na perda da identidade regional”.

Para tal, a câmara decidiu pedir a intervenção da APA, Administração da Região Hidrográfica e Direção Regional da Agricultura, para que “seja garantido o cumprimento das interdições e condicionamentos ao uso do solo nas zonas de proteção de captações superficiais e subterrâneas, destinadas ao abastecimento público”.

Além disso, o município vai também solicitar a intervenção destas entidades para que se torne “obrigatório o licenciamento ou autorização da plantação de culturas intensivas e a fiscalização e monitorização da aplicação de pesticidas e fertilizantes”. Já a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo vai ser instada pela câmara a definir “medidas preventivas que permitam impedir a plantação de culturas intensivas em áreas de sensibilidade e valor ecológico e na envolvente dos aglomerados urbanos”.

 

Fotografia de vozdocampo.pt