28 Setembro 2015      15:40

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ENTRE O VOTO E O FUTEBOL

Definição de um rumo ou alienação pública? 

Estamos em plena campanha eleitoral e a escassos dias das eleições legislativas para a Assembleia da República de 2015 que se realizarão no dia 4 de outubro, ou seja, em pleno fim-de-semana. 

Sufrágio esse que se realiza mais propriamente no malfadado domingo, aquele dia desditoso e fugaz que antecede uma nova semana laboral ou escolar para a grande maioria de nós. 

Nada tenho contra os domingos, aliás é talvez o meu dia predileto para o ócio e para procrastinar qualquer tipo de ação que estivesse por ventura agendada, pois após uma semana intensa de intrépidas desventuras aquilo que mais desejo é um pouco de repouso, sossego no sofá ou assistir a qualquer tipo de atividade cultural ou desportiva.

Não obstante, não posso deixar de demonstrar desagrado pela falta de constância em termos regulamentares que permitirá que ocorram jogos da Iª Liga Portuguesa de futebol em pleno dia de eleições. 

Juridicamente, nada proíbe que que tal aconteça, porém em 40 anos de democracia está será a primeira vez que tal acontecerá. Existe uma proibição? A lei diz que não, mas, no entanto, um pouco de sensatez não faria mal a ninguém na jurisprudência dúbia que por vezes é feita em alguns artigos constituintes.

Verificando-se este cenário, inédito, não se pode em concreto prever o que irá acontecer, todavia tudo me leva a crer que esta situação favorecerá o desviar e foco da atenção das eleições, e mais, levará quase que inevitavelmente à contribuição das elevadas taxas de abstenção que se verificam em atos eleitorais no nosso país.

Como jovem que sou, preocupo-me duplamente por saber que através de um estudo encomendado pelo Presidente da República sobre a participação e cívica dos jovens se conclui o seguinte: os jovens de hoje não se interessam pela política, nem pelos partidos e não se reveem no modo como o sistema partidário português funciona. Além disso, sentem-se pouco ou quase nada satisfeitos com o regime democrático que temos. 

É simplesmente unir e correlacionar as variáveis introduzidas nesta exposição escrita, e pensar que se já existe um afastamento dos jovens no que toca a matéria politica, quanto mais se no mesmo fim-de-semana do sufrágio joga o Benfica, Porto e Sporting. Uma vez mais, falta de sensatez de entidades representativas.

O voto é a forma de os cidadãos poderem exprimir as suas escolhas políticas, mas não só, pois através deste ato é possível exprimir as nossas vontades sociais ou mesmo morais. 

Se não participamos neste momento crucial que define um quadro de governação que nos afeta a todos, que tipo de moralidade poderemos ter para criticar caminhos menos bem conseguidos quer seja em termos de emprego jovem, educação ou mesmo ação social que nos afetam a nós, jovens? 

Concluo, esperando que exista e se assista a uma mudança de paradigma nestas eleições legislativas, que os cidadãos portugueses acorram mais às urnas, que façam valer o dever cívico que têm e que acima de tudo ajam em consciência da sustentabilidade que o nosso país merece e deve ter para a geração mais jovem ter um futuro promissor.