5 Fevereiro 2022      11:39

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Como recompor o PSD?

O PSD é um partido grande. Continua a ser o principal partido da oposição no parlamento português. Apesar de ter perdido as eleições, as responsabilidades do PSD continuam a ser enormes. Exige-se mais ainda, isto porque no contexto de uma maioria absoluta, ao maior partido da oposição espera-se uma vigilância cerrada e um escrutínio permanente, mas sobretudo, uma forte exigência à governação da nova maioria socialista.

O País necessita urgentemente de reformas, e não se pode permitir ao PS quaisquer desculpas para não as fazer. Já chega de 6 anos de marasmo e de perda de competitividade nacional de Portugal face aos outros países da União Europeia.

O PSD tem que se centrar num programa claro para Portugal. Desenhar um novo projeto numa perspetiva de médio e longo prazo para Portugal. Onde queremos chegar daqui a 25/50 anos? Tem 4 anos (e é muito tempo em política) para poder concretizar um trabalho consistente.

Para isso, o PSD deve trazer novas ideias. Deve estar à frente nas novas causas e correntes societais (ambientais, tecnológicas, culturais e educacionais, sociais e económicas). Para um partido reformista como o PSD não me parece que seja uma dificuldade assim tão grande. Para responder a estas novas exigências é fundamental captar gente nova, não só em idade, mas sobretudo em ideias. Só por aí é que um partido grande como o PSD se pode afirmar como uma forte alternativa ao poder em Portugal.

Na prática, o PSD não pode ser um PS de substituição. O PSD sempre se conseguiu afirmar por não ter medo em concretizar mudanças estruturais. Nunca teve medo da modernidade, nem do progresso.

Mas uma coisa é certa, o PSD tem que ter uma estratégia correta. Recentemente o PSD colocou-se ao centro (aparentemente até faz sentido, tendo em conta a sua história, mas, sobretudo, porque é aí que se encontra a grande maioria do eleitorado moderado português), mas esquecendo e ignorando totalmente a direita. O PSD deve liderar com clareza o centro-direita. Todos reconhecem que é esse o espaço político do PSD. De outra forma, só gera confusão ao eleitorado português!

O PSD sempre foi um partido interclassista e agregador (juntando social democratas, liberais e conservadores) e não um partido que afasta quem pensa diferente. O PSD sempre cresceu na diversidade de ideias, de propostas e projetos. Ninguém acredita em partidos anquilosados, amarrados a ideias velhas. O PSD sempre foi um partido reformador e inconformista.

Não podem existir quaisquer ambiguidades de posicionamento do PSD quanto aos novos partidos que estão à sua direita. De outra forma, vai ter muitas dificuldades em voltar a ganhar eleições nacionais. Essas ambiguidades fazem com que o voto útil não surja no PSD.

O PSD necessita de demonstrar um pensamento político bem arrumado e estruturado. Tem que ser claro para todo o eleitorado. Um partido com a dimensão do PSD não se pode deixar condicionar por ´´nichos de mercado´´ eleitoral.

Existe tempo para uma excelente reflexão dentro do PSD. Existe tempo para que o PSD volte à sua matriz identitária, mas renovado nas ideias e nas pessoas. E isso será bom para Portugal.