Por Ricardo Jorge Claudino
Era uma vez um lírio,
vizinho de muitos outros;
era roxo, alto e cheiroso:
era o lírio mais diferente de todos.
.
Não falava nem escutava
nem tão pouco sabia ler;
o que tinha este lírio
de tão especial que o fizesse valer?
.
O fotógrafo parou o carro
seduzido por mil e uma cores
tentou capturar o momento
mas a máquina não fitava as flores.
.
Era uma máquina digital
exausta, sem bateria;
pobre fotógrafo foi embora
sem que a sua memória fosse escrita.
.
Depois veio a pintora
para inspirar as suas ideias;
uma brisa logo se levantou
criando um degradê entre as pétalas.
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Distraiu-se e ficou sem as tintas
sem os pincéis e sem a tela;
pobre pintora foi embora
malvado vento que soprou sem cautela.
.
Era uma vez mil e um lírios,
roxos, altos e cheirosos;
todos juntos eram um,
eram os lírios mais corajosos!
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Quem for ver o campo
deve ter em consideração:
que ver com os olhos ainda é
a maior lembrança que faz pensar o coração.
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Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.