Uma exposição com imagens captadas pelo fotógrafo Hélder Luís, com o intuito de dar visibilidade à pesca do cerco em Portugal, é inaugurada hoje no Centro de Artes de Sines (CAS).
"Sardinha, o Sem Fim da Pesca do Cerco" é o título da exposição que abre ao público este sábado, às 16:00, e que ficará patente no CAS até 29 de junho.
De caráter itinerante, a exposição resulta de um projeto realizado por Hélder Luís, designer, fotógrafo, artista multimédia e músico, entre 2018 e 2022, sobre a pesca do cerco em Portugal que deu origem à publicação de um livro sobre esta atividade piscatória.
O projeto enquadrou-se na residência artística MAR|PVZ|19/20, dedicada à cultura marítima, e apoiada pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, no distrito do Porto.
Durante quatro anos, Hélder Luís percorreu a maior parte dos portos de pesca, a bordo de barcos da Póvoa de Varzim, Caxinas e de Vila do Conde, “acompanhando a vida no mar de muitas tripulações em dezenas de viagens”.
“Estive quatro anos a fotografar a partir das embarcações do norte que percorreram praticamente os portos mais importantes” nesta arte do cerco, explicou Hélder Luís à agência Lusa.
Inicialmente “queria fazer um trabalho na zona norte do país, a partir dos portos de Matosinhos, mas quando comecei a fotografar a sardinha, migrou para sul e os barcos foram obrigados também a migrar para sul e a ficarem em portos como Peniche, Sines e Quarteira, e então fui obrigado a seguir o peixe”, relatou.
Durante este período, a bordo das embarcações e junto das várias tripulações, o fotógrafo recolheu “mais de 10 mil imagens”, num trabalho que considerou ser “muito profundo sobre a pesca do cerco” em Portugal.
“Normalmente vemos o peixe já capturado ou no nosso prato, mas não fazemos ideia de como é pescado, não conhecemos as pessoas que o pescam ou como o pescam e este trabalho tentou tornar visível algo que é invisível para nós”, considerou.
Este projeto “coloca em evidência a dimensão nacional da pesca da sardinha, a pesca das pescas do mar português, mas também uma saga humana pouco mais do que invisível, a não ser quando há notícia de naufrágios ou quando se reabrem os debates sobre a escassez do recurso”.
É uma atividade “que mexe com muita gente, com muitos recursos, com muitas estruturas quer em mar, quer em terra, como barcos, armazéns, redes, sendo algo muito complexo, como acabei por descobrir ao longo destes quatro anos”, acrescentou o fotógrafo.
De acordo com Hélder Luís, nesta exposição é criada “uma narrativa que descreve uma temporada da vida” destes pescadores: “Desde a altura em que estão em terra, ainda sem pescar”, até ao momento “em que partem para o mar”, à “atividade da pesca” e ao seu “regresso” a terra, revelou.
Depois de ter sido inaugurada na Póvoa de Varzim, em 2023, a exposição de caráter itinerante, composta por 24 fotografias e seis painéis informativos, vai estar patente em Sines, até 29 de junho, seguindo-se, ainda este ano, as localidades de Vila do Conde (Porto), Ílhavo (Aveiro) e Portimão (Faro).
A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 14:00 e as 20:00, e aos sábados e feriados, das 12:00 às 18:00.
Fotografia de Hélder Luís