15 Julho 2014      01:00

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Equívocos do Beijo

Para nós portugueses cumprimentar familiares, amigos, amigos de amigos e até mesmo pessoas que acabámos de conhecer é algo normal e socialmente aceitável.

O mesmo não acontece para muitas pessoas, em muitas culturas, em diversos países da Europa. Os povos do sul da Europa cumprimentam por norma como nós, no entanto iniciam o cumprimento da direita para esquerda, ou seja, ao contrário de nós, o que cria muitas vezes alguns “abanões” de cabeça e até narigadas. Os franceses podem chegar a dar 4 beijos, sendo os mais beijoqueiros da Europa e também os mais difíceis de compreender, pois apesar de sabermos que cumprimentamos com beijo, nunca sabemos quanto deveremos dar.

Os povos do norte e centro da Europa tendem a cumprimentar todos de aperto de mão. Depois, chegamos nós, que automaticamente “nos fazemos ao beijo” e é um constrangimento enorme para eles, pois ficam corados, envergonhados e chegam a pensar quais serão mesmo as nossas intenções, que não são nada mais do que um simples e cordial cumprimento.

Em conversa com colegas finlandeses, debateu-se o assunto de cumprimentar com beijos de uma forma natural, tendo eu descoberto que é extremamente raro o fazerem, e quando o fazem é em ocasiões muito especiais e apenas a familiares muito próximos.

Na Bélgica por exemplo, cumprimenta-se com 1 beijo ou com 3. Os dois beijos comummente utilizados por nós portugueses não cabem neste cumprimento, acontecendo que após o primeiro beijo, partimos para o segundo e eles, após o segundo partem para o terceiro, acabando por, neste processo, existir sempre alguém “pendurado”.

Na Turquia, o cumprimento difere, relativamente aos já mencionados, pois os homens cumprimentam-se entre eles com um leve encosto de fonte, que aparentemente parece um cumprimento regular, com beijos, mas é apenas um encosto. Esta situação proporcionou já na prática algum desconforto, quando recebemos um grupo de colegas da Turquia e quando se dirigiram a um colega português, este, não se fazendo rogado “pregou-lhes um par de beijos” bastante sonoros, quando apenas o cumprimento da fonte era o que procuravam. Relativamente ao sexo oposto o cumprimento é um aperto de mão. No entanto, em cooperação e nas relações mantidas sempre foi realizado o cumprimento a que estamos acostumados.

Obviamente que a situação dita a postura a adoptar, no entanto é visível que existem diferenças culturais neste campo bastante acentuadas, sendo as que apresento apenas exemplos da minha experiência pessoal. O protocolo do beijo é relativo, sendo possível manter a postura que mantemos na nossa cultura e no quotidiano, ou então, com o aperto de mão nunca ficaremos comprometidos.

De qualquer forma, no meu ponto de vista o facto de cumprimentar com um beijo já demonstra alguns valores da nossa cultura, pelo que continuarei a beijar pela Europa fora!