Sou racista porque prefiro mais umas raças do que outras. Gosto particularmente de Rafeiros Alentejanos e Labradores. E, como cada raça possui as suas singularidades, existem criadores que a tal se dedicam.
Mas não existem criadores de humanos.
Substantivo concebido para justificar a superioridade ocidental branca sobre os demais povos, o termo “racismo” há muito que deixou de ter qualquer significado racional e mesmo semântico, quando aplicado ao Homem.
Assim sendo, para além de ser racista, quando me refiro a animais irracionais, sou etenista referindo-me aos humanos e ao grande respeito que cultivo pelas diferentes etnias, convivam elas comigo, ou não.
Sou etenista porque sonho com a igualdade de direitos e oportunidades para todos.
O refúgio em supostas legitimidades culturais, justificativas de práticas escabrosas que há muito deveriam ter sido banidas e, se tal ainda não se verificou, alguma da responsabilidade é nossa, dos docentes. Somos, com toda a certeza, um dos grupos responsáveis pelo perpetuar de preconceitos, crendices e ignorâncias. Mas, para conseguirmos ser bem-sucedidos, temos de nos disponibilizar a aprender e a ensinar a pensar. A racionalização de práticas e pensamentos deve começar cedo, mesmo muito cedo, pois ninguém nasce idiota e preconceituoso. Estas “qualidades” adquirem-se ao longo da vida. Criando confluências esquecemo-nos da efemeridade do tempo e, comecemos a encarar o futuro hoje, pois ontem já não é possível.
Compete-nos ajudar os nossos alunos a aceitarem regimes de verdades alternativas. Mas este combate, pacifico mas não pacifista, inicia-se no silêncio dos nossos refúgios e nos combates ideológicos, aos quais não devemos fugir. Combates travados contra os alinhamentos societários, escolhendo sempre o lado dos desalinhados.
Enquanto a Escola continuar discriminadora, as nossas crianças e jovens continuarão, igualmente, a sê-lo.
Colocando o Homem no centro de todas as representações, é possível criar conhecimentos consubstanciados em verdades, as nossas e as dos outros. Sei que esta idealização ainda vem longe e, enquanto não for uma realidade, alguns seres abjetos e desprezíveis continuarão a ter alguma visibilidade. Dialogismos retóricos e tendenciosos em nada contribuem para a alteração de mentalidades, nem para o esclarecimento dos mais distraídos.
Mas vamos lá encarar as coisas correctamente, pelo menos para mim.
Não somos nós, os “brancos”, que continuamente nos elidimos; não somos nós, os “brancos”, que praticamos fechamentos continuados e conscientes; não somos nós, os “brancos”, que fugimos ao convívio com as demais etnias; não somos nós, os “brancos” que contribuímos para a guetizaçao….
Afinal quem é “racista”? Nós que nos auto-suprimimos ou os outros a quem rejeitamos?
Pois é, e os “racistas” são os outros.
Na imagem de capa Al Jolson.