23 Fevereiro 2024      14:31

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Ser autarca é...

Hoje em dia, a exigência da vida autárquica é uma realidade bastante complexa. Os políticos em funções têm por obrigação desempenhar a sua missão da forma mais empenhada possível, de modo a dar resposta aos desafios do quotidiano, que são também cada vez mais exigentes.

Sem ter uma fórmula mágica, este compromisso tem implicações na forma como se tomam decisões, se gerem as equipas, se processam as informações e se interage com os munícipes.

É necessária uma predisposição constante para a aprendizagem, na medida em que, a cada novo dia, surgem novas questões que originam a busca de respostas para a solução dos problemas.

Nesse sentido, é também fundamental procurar fórmulas que sejam eficazes, dentro do quadro legal, de modo a responder objetivamente às demandas de diversa tipologia, desde o licenciamento de obras, à resolução de assuntos relacionados com a limpeza urbana, entre muitos outros.

O diálogo e a disponibilidade para escutar é uma premissa fundamental.

Esta nobre missão de serviço público é uma experiência que nos permite dar o nosso contributo para a melhoria das condições de vida das comunidades, sabendo-se de antemão que a tomada de decisões implica sempre diferentes leituras e opiniões.

Mas não tenhamos ilusões. Os erros acontecem e em alguns casos, é preciso dar o passo atrás e procurar alternativas. Por vezes, as intenções são as melhores, mas nem sempre os planos resultam. Por muito bem delineada que esteja a estratégia, as falhas podem ocorrer e devem ser assumidas, com humildade, tentando fazer as correções possíveis.

Quem tenta fazer, corre sempre o risco de agradar a gregos e desagradar a troianos. É inevitável. Contudo, esse pressuposto não deve inibir a tomada de decisões. Quem gere tem que decidir, independentemente dos juízos que possam vir a ser formulados.

O escrutínio é cada vez maior e a preparação dos políticos deve correr em paralelo. Hoje em dia, ao contrário do que acontecia há umas décadas atrás, não basta somente paixão pela terra e boa vontade.

Para além de valores como a honestidade e a dedicação, é imprescindível uma preparação técnica contínua, sempre alicerçada nos pareceres dos serviços, de modo a dar respostas tão céleres quanto possível.

A motivação para o serviço público é algo que se deve procurar todos os dias, em diálogo permanente com toda a equipa e contando com todos os contributos, para a tomada das desejáveis boas decisões.

Pessoalmente, esta experiência tem sido muito enriquecedora, porque tem permitido conhecer as dinâmicas da gestão autárquica e da recompensa que surge quando se resolvem os problemas concretos das pessoas.

No entanto, nem tudo é um mar de rosas! Ser autarca a tempo inteiro implica que haja pouco tempo para tudo o resto. A gestão dos horários é muitas vezes imprevisível, porque as emergências surgem com muita frequência, alterando os planos iniciais estabelecidos para cada dia, deixando pouco tempo para o almoço, para as horas de sono e para estar com os filhos. 

Os dias, esses, necessitam mais do que 24 horas para se dar conta do recado. Também para isto, é preciso saber gerir a agenda familiar, prescindindo de muitos momentos, para tentar compensar com outros. Os sacrifícios são inevitáveis

Por vezes, é preciso fazer uma pausa para retomar as tarefas, que se prolongam muitas vezes noite fora! 

No entanto e pese embora o exposto, que não é mais do que um desabafo, nos nossos dias, olha-se com uma certa desconfiança para os políticos. Há uma tendência para julgar o justo pelo pecador, sem separar o trigo do joio. Mas muitos dos que passam por esta experiência sabem bem o que têm que dar e os sacrifícios pessoais que têm que fazer, sem esperar muito em troca, a não ser a consciência tranquila pelo empenho que põem no trabalho que fazem!

 Para além disso, o incentivo dos que compreendem a exigência desta missão é sem a melhor recompensa de todas, procurando ser melhores, a cada dia! .