Esperamos por isso poder continuar a mostrar a nossa música em Portugal e se possível lá fora.
Tribuna Alentejo: Há balanços a fazer e expectativas para 2017. Queres arriscar?
Jorge Roque: O ano de 2016 foi muito especial para nós, foi um ano de muito trabalho, na procura de uma sonoridade própria e que, no fundo, fosse representativa da nossa identidade enquanto projecto a três e isso não é fácil de se conseguir. Penso que isso foi conseguido e prova disso é que as pessoas reconhecem o valor do nosso álbum, as "nossas" modas e identificam-se com esta abordagem ao cancioneiro popular alentejano.
2017 será um ano de concertos um pouco por toda a parte, onde esperamos poder pisar mais alguns palcos importantes e de começar, muito tranquilamente, a pensar num próximo trabalho discográfico.
Tribuna Alentejo: Na reinterpretação que fazem de muitas melodias conhecidas a alma alentejana está lá. E o vosso trabalho leva essa alma para lugares que a desconheciam. Sentem-no uma missão, a da representação da cultura popular alentejana?
Jorge Roque: A alma alentejana está lá porque somos todos alentejanos e de outra maneira não poderia ser. E é isso mesmo que queremos que esteja presente no disco. Sempre dissemos que não tínhamos pretensões nenhumas de ser um coral ou um grupo popular do Alentejo, porque o que fazemos vai para além disso. Não quer dizer que seja melhor ou pior, é a nossa interpretação e abordagem aquelas modas.
A alma e a riqueza do cancioneiro não estão, quanto a mim, na forma, mas sim no conteúdo. E esse conteúdo pode ter várias interpretações desde que esteja lá a genuinidade, a dos sentimentos e não do modo de dizer as palavras ou do seu sotaque. Contudo estamos longe de ser missionários do que quer que seja para além da nossa própria música, mas é certo que, onde quer que vamos, o Alentejo vai connosco e isso sim, é pronúncio de conquista.
Tribuna Alentejo: Vão atuar com o António Chaínho a Matosinhos. Fado e Cante. Conta-nos como aconteceu.
Jorge Roque: Foi um convite que aconteceu naturalmente e que aceitámos com muita honra, uma vez que é um privilégio poder tocar com o mestre Chainho, o qual consideramos uma personalidade singular na
abordagem e na divulgação de novas sonoridades que trouxe à guitarra portuguesa. No fundo, e sem qualquer tipo de paralelismo, identificamo-nos com essa forma de poder partir de um principio musical, com uma base muito forte, como é o caso do Fado ou do Cante Alentejano e, sem desvirtuar o que quer que seja, traçar o seu próprio caminho. Acho que essa é a principal característica que une estes dois projectos. É desta forma surge o primeiro concerto que terá lugar em Matosinhos no próximo dia 4 de Março e que estou certo, poderá ser o primeiro de muitos a unir estes dois patrimónios.
Tribuna Alentejo: Como foi no Tivoli?
Jorge Roque: O espectáculo dos Monda no Tivoli foi o início de tudo o que está para vir, penso eu. Ao mesmo tempo que podemos considerá-lo a conclusão da produção e promoção deste primeiro álbum, onde tivemos o prazer e o privilégio de ter todos aqueles que participaram e ajudaram neste disco, foi sem dúvida o primeiro dia do resto das nossas vidas enquanto Monda. Para além do concerto ter sido memorável, ficámos com a sensação de que as pessoas querem e esperam ouvir mais coisas de nós e isso dá-nos muita motivação para podermos prosseguir o principio, de um caminho que queremos longo.