12 Novembro 2023      17:40

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Minudências

Há coisas tão pequenas no Universo que nos passam totalmente despercebidas. Talvez pela sua forma, pela capacidade de se confundirem no meio do ambiente e espaço que ocupam, ninguém as nota.

Por exemplo, uma couve de Bruxelas no meio do asfalto sem uma única planta ou tom de verde a contrastar o cinzento seria notada e vista por alguém. Mas no meio deste asfalto não há uma única pessoa que a possa ver e questionar o que faz uma couve de Bruxelas no meio do asfalto que por sua vez está no meio do deserto.

Já um mosquito perneta, no meio de milhões de outros mosquitos, não seria algo que chamasse a atenção de ninguém. Primeiro porque o mosquito seria tão igual a todos os outros e quem pudesse notar a perna em falta, estaria mais preocupado em evitar ter o sangue sugado por minúscula criatura.

Por outro lado, há coisas tão grandes que pelo seu exagero parecem normais e são irrelevantes em contraste. Não será o caso do elefante no meio da sala, que deixa todos desconfortáveis, mas que ninguém quer apontar.

Ao longo da história têm sido, como brilhantemente tive um professor a explicar, são as minudências que influenciam o curso dessa mesma história, tantas vezes. São as pequenas coisas que alteram os grandes acontecimentos, que dão origem a revoluções e mudanças sociais. E são tantos os casos em que assim se passou. Na revolução francesa, na revolução americana. Numa, o pão, na outra chá. E muito mais além poderíamos ir na enumeração de pequenas coisas que pelo seu tamanho não são menos importantes.

Como uma bola de neve, crescem de tamanho, alimentando-se de outras pequenas partículas. A princípio não são vistas e quando crescem, assumiram já formas e tamanhos irreversíveis. Assim são as minudências que coexistem ao nosso redor e que, gigantes, se perdem no caminho em ziguezagues.