O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, desvaloriza a fragmentação do consórcio H2Sines, que reunia a EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN, com o objetivo de implementar um “cluster” de produção de hidrogénio verde, considerando que tal vai fazer “com que surjam mais projetos”.
Em entrevista à agência Lusa, o governante defendeu que “esta fragmentação do consórcio vai fazer com que surjam mais projetos e haja ainda uma maior produção de hidrogénio verde”, comentando assim a saída da EDP, REN e Galp do grupo de empresas que em julho do ano passado se propôs “estudar a viabilidade da criação de uma cadeia de valor para a exportação do hidrogénio de Sines para o Norte da Europa”.
“Passou um ano e foi um ano muito animado do lado dos projetos que apareceram, mais animado do que estimávamos à partida”, declarou o ministro, realçando que “só em Sines estão previstos seis grandes projetos”.
Questionado sobre os outros projetos previstos, o Ministério adiantou o da Fusion Fuel, referindo que os outros quatro pedem reserva.
O ministro com a tutela da Energia disse ainda que a indicação que tem é que, apesar da saída de alguns “pesos pesados”, o consórcio mantém-se – com a Vestas, a Engie e a Martifer –, contrapondo que o H2Sines “não era o maior projeto” de hidrogénio em curso. Esse está previsto para Estarreja, liderado pela Bondalti (antigo grupo químico CUF, que pertence ao Grupo José de Mello), e tem um investimento previsto de 2,4 milhões de euros.
Matos Fernandes sublinhou igualmente que não dá um valor diferente ao projeto H2Sines face aos outros, reconhecendo o papel que teve de promotor, quando, sabendo do interesse da Holanda na importação de hidrogénio, decidiu ouvir os presidentes das três maiores empresas portuguesas para “saber com o que contava do lado português”.
“Este é certamente um projeto importante, mas, repito, em Sines existem já seis grandes projetos em que o consórcio era apenas um deles. Haver consórcio ou não era uma decisão das empresas”, afirmou.
Relativamente ao destino do hidrogénio a ser produzido, o governante defende pensar na exportação, “mesmo sabendo que o mercado português é suficientemente grande para absorver o hidrogénio que vai ser produzido em Portugal”.
“Queremos quebrar o paradigma de um país eternamente importador de energia para um país que passe a ser exportador da energia. Isto deve criar muitas comichões a muitas pessoas, mas acho que não faz qualquer sentido”, disse.
O ministro afirmou ainda que os propósitos do Governo em relação ao hidrogénio verde “são exatamente os mesmos, mas a dimensão dos projetos é muito maior do que a estimada há um ano”.
Recorde-se que, a 21 de maio de 2020, o Governo aprovou a estratégia nacional para o hidrogénio, que prevê investimentos de 7.000 milhões de euros no horizonte 2030, levando a uma redução da importação de gás natural de 300 a 600 milhões de euros.
Fotografia de watereurope.eu