Por Ricardo Jorge Claudino
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A família está toda reunida em volta da braseira
que quente vai soprando a fria noite de lua cheia.
Enquanto uns conversam outros beliscam o pão,
o toucinho, o queijo e o vinho; são onze e meia
e juntos celebram o inverno que quis ser verão.
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Enquanto o ar quente sobe
a braseira tenta acompanhar o calor da conversa.
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Vão chegando do trabalho, cada um a seu ritmo;
penduram os casacos nas cadeiras vagas
e rápido procuram vaga na roda das conversas.
Se público houvesse, nada inteirava.
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Falam alto um português distante,
trocam a faca pelo garfo e o garfo pelas mãos,
não trocam de prato quando vem a fruta
e dizem que o amor é o mais importante.
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— Que estranho se vive no «interior»
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Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.