31 Outubro 2022      09:39

Está aqui

Aljustrel dedica exposição a greve mineira de há 100 anos

A exposição “Aljustrel – 100 anos, do Fundo à Superfície”, dedicada a uma greve de mineiros realizada há 100 anos, vai ser inaugurada na próxima terça-feira, pelas 16:00, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, em Aljustrel.

De acordo com a agência Lusa, a iniciativa é promovida por uma “comissão informal de aljustrelenses”, conta com cerca de 80 painéis explicativos sobre os últimos 100 anos desta vila mineira e pode ser visitada até dia 4 de dezembro.

A organização explicou ainda que a exposição inclui a fotografia de um pulmão com silicose, o casaco de um mineiro perfurado por uma bala da GNR e esculturas de mineiros.

O objetivo da mostra é recordar a greve dos mineiros de Aljustrel no inverno de 1922, “que durou quatro meses” e teve “grande repercussão a nível nacional e internacional”.

Segundo a organização, esta greve “gerou uma imensa onda de solidariedade nos setores operários do país, o que se traduziu no acolhimento de mais de uma centena de crianças [de Aljustrel] por famílias de Beja, Lisboa e Barreiro, entre outros locais, para fugirem à fome”.

A greve terminou a 21 de janeiro de 1923, quando o então diretor das minas de Aljustrel garantiu o regresso dos mineiros ao trabalho, “sem represálias”, tendo as crianças regressado às suas famílias a 17 de fevereiro de 1923.

É a partir desta “história dramática” do concelho que os promotores da exposição tentam chegar “até à atualidade”, para revelar “a rica história da sua comunidade” e evidenciar “o valor das entranhas da terra que, uma vez explorada, conduz à inevitável riqueza à superfície”.

A mostra pretende também destacar “a existência do mineiro, que reparte a sua vida entre as trevas do fundo da mina e a luz redentora da superfície”, assim como ilustrar “os avanços e recuos, as lutas e conquistas alcançadas por melhores condições de vida” e retratar “o historial tão rico em acontecimentos dos últimos 100 anos nesta terra mineira, cujas jazidas são exploradas há mais de 2 000 anos”.

O objetivo é ainda “dar a conhecer às gerações vindouras a sua história e as suas raízes”, pois “sem passado, não há futuro”, acrescentou a organização.

O programa da iniciativa contempla também quatro debates sobre temas como a vida sindical, as condições de trabalho, saúde e segurança nas minas ou o futuro das minas de Aljustrel.

A 12 de novembro, será apresentado o documentário “Mineiros”, de João Pedro Duarte e João Luz, enquanto, a 3 de dezembro, o Cine Oriental, na vila mineira, recebe a estreia nacional da peça de teatro “A Mina”, que junta em palco a companhia Lendias d’Encantar e atores amadores de Aljustrel.

Já a 4 de dezembro, Dia de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, vai ter lugar um espetáculo de cante alentejano, bailado, poesia e música com artistas locais e internacionais.

A exposição “Aljustrel – 100 anos, do Fundo à Superfície” tem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, da Câmara de Aljustrel, das juntas de freguesia do concelho, da empresa Almina – Minas do Alentejo e do Museu do Aljube, entre outras entidades.

 

Fotografia de publimetro.com.mx