11 Setembro 2017      10:13

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11 DE SETEMBRO, UMA DATA QUE A EUROPA VAI ESQUECENDO

Eram precisamente 8:46h (13:46h hora de Lisboa) quando o voo 11 da companhia americana “American Airlines”, com destino inicial para Los Angeles, embateu na Torre Norte do World Trade Center (WTC). O avião que tinha levantado voo às 7.59h, em Boston, levava a bordo 11 membros da tripulação e 81 passageiros, 5 dos quais terroristas que o viriam a sequestrar.

O WTC era, à época, caracterizado por duas enormes torres gémeas, das mais altas do mundo. Havia sido inaugurado em 1973 e cada torre tinha 110 andares. Era composto por um conjunto total de sete edifícios construído até 1985 num investimento total de 400 milhões de dólares. Era o centro financeiro de Nova Iorque e ocupava 1 240 000 m2.

Pelo menos 1.366 pessoas morreram nesta Torre, quase todos estavam na zona de impacto ou acima dela.

9:03h em Nova Iorque, 14:03h em Portugal. Por esta hora já todos os canais transmitiam em direto as imagens da torre norte do WTC a arder quando o avião do voo 175 da United Airlines – também levantou de Boston e rumava a Los Angeles – colide com a torre sul do WTC. A bordo estavam 9 membros da tripulação e 56 passageiros, 5 deles terroristas.

Cerca de meia-hora depois, às 9:37h locais, novo avião, o voo 77 da American Airlines, também com rumo a Los Angeles, colide com as instalações do Pentágono, na Virgínia. Uma vez mais, a bordo estavam 5 sequestradores que eram parte de 58 passageiros aos que se juntavam mais 6 membros da tripulação.

Haveria um quarto avião sequestrado, o do voo 93 da United Airlines e que seguia para S. Francisco. Levava sete membros da tripulação e 33 passageiros que se revoltaram contra os 4 sequestradores a bordo e fizeram com que o avião se despenhasse numa floresta de Shanksville, no estado de Pensilvânia, às 10:03h locais.

Há hora do primeiro ataque estariam no WTC cerca de 17 400 civis estavam no complexo do World Trade Center no momento dos ataques segundo o NIST (Instituto Norte-americano de Estatística e Tecnologia)

No conjunto dos atentados morreram 2 996 mortes, entre eles 19 sequestradores.

O número de vítimas viria a aumentar com o tempo, pois as poeiras e inúmeros produtos cancerígenas libertados naquele dia viria a provocar doenças fatais a mais algumas pessoas.

Nos aviões morreram 246 pessoas, no WTC 2606 e no Pentágono mais 55 militares.

O dia 11 de setembro de 2001 mudara o mundo.

Surgiram inúmeras teorias de conspiração sobre estes atentados e que levantavam muitos factos e dados suspeitos, essencialmente após aberta a possibilidade de serem ouvidas as gravações referentes a este dia e que levantaram algumas suspeitas.

Muitos acusam o então presidente George W. Bush por ter provocado este “atentado” de modo a poder invadir o Iraque e combater Ossama Bin Laden, líder da organização terrorista Al-Qaeda, no Médio Oriente. Foi à Al-Qaeda que viriam a ser atribuídas as responsabilidades do atentado.

Depois disso e de uma invasão no Iraque, dois anos depois, em 2003, e que se sabe hoje que partiu de uma suspeita de armas de destruição massiva infundada – deixando mais uma suspeita de que tudo não passou de uma guerra pelo controlo do petróleo iraquiano apoiada pelo lobby do armamento - o combate ao terrorismo tornara-se a prioridade do mundo ocidental.

Para tal, foram alteradas leis que garantiam a privacidade do cidadão como o “Patriot Act”, nos EUA, assinado logo em outubro de 2001, um mês depois do atentado.

Este “Patriot act”, entre muitas outras coisas, permitia e legalizava aos serviços de inteligência do EUA e forças de segurança intercetarem chamadas telefónicas e e-mails de organizações e pessoas supostamente envolvidas com o terrorismo, sem qualquer necessidade de autorização da Justiça, e fossem essas pessoas estrangeiras ou americanas.

Com esta lei por base, foi criada a prisão de Guantanamo e uma extensa rede de transporte ilegal de terroristas do Médio Oriente para esta prisão em Cuba e com o qual muitos países europeus terão sido coniventes. Quer lá, quer em inúmeras bases norte-americanas espalhadas pelo mundo, forma suprimidos e esquecidos direitos humanos e a tortura foi uma forma de obter informações sobre a Al Qaeda e outros grupos terroristas.

O “Patriot act” viria a durar até a administração de Barack Obama, já em 2015, quando este não promulgou esta lei e criou o “Freedom Act” que vem limitar o trabalho das secretas americanas na recolha de informação.

Pelo meio também Edward Snowden, ex-membro da CIA, e que foi acusado de espionagem por dar a conhecer ao público informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar detalhes dos programas de vigilância que o país usava para espionar a população norte-americana e mundial com recurso ao Google, à Apple e ao Facebook. Terão estado sob-vigilância muitos outros países do mundo e muitos outros chefes de estado, criando uma grave crise diplomática aos EUA.

Parte das promessas eleitorais de Obama estavam relacionadas com o fecho de Guantánamo e a saída das tropas americanas do Médio Oriente e Ásia, algo que não se viria a mostrar tão fácil de fazer dada alguma resistência do Senado.

A influência norte-americana no mundo em inquestionável, em todos os domínios, e interferiu vezes sem conta na ascensão e queda de regimes no Médio Oriente provocando instabilidade nessa região e por vezes o surgimento de grupos terroristas como a própria AL Qaeda e o Estado Islâmico. Estabeleceu-se, entre os países árabes, europeus, asiáticos e EUA, uma rede de interesses, por vezes momentâneos, naquela região em que o difícil é saber ao certo quem apoia quem.

O que é certo é que 16 anos depois a a instabilidade no médio-oriente mantém-se, centenas de milhares morreram entretanto entre guerras e atentados a Europa viu intensificar os ataques terroristas no seu território e hoje está um homem imprevisível ao leme dos Estados Unidos da América. O mundo mudou muito desde o 11 de setembro de 2001 mas a maior parte dos problemas que tínhamos então mantêm-se ou aumentaram.