10 Junho 2015      09:18

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BULLYING EUROPEU

Ponto prévio: durante muito tempo no nosso país gastou-se (muito) mais do que aquilo que tínhamos, o que não é propriamente sustentável. Mais cedo ou mais tarde, a austeridade tinha que aparecer, mas…

Infelizmente, nas últimas semanas, o bullying voltou à ordem do dia, muito por culpa de um vídeo originário da Figueira da Foz e que acabou por chocar todo o país. Não foi preciso muito para que tenham surgido outras notícias de eventos semelhantes e até um comunicado de uma dirigente escolar a dizer que um episódio em Nelas, onde uma criança foi amarrada a um poste e despida, não foi bullying mas apenas uma brincadeira…

Mas afinal, o que tem o bullying a ver com a Economia?

No passado dia 12 de maio, a Comissão Europeia deu sinais de que Portugal poderia reduzir o nível de austeridade até porque “o esforço de reformas em Portugal está a produzir resultados”. Foi necessário apenas um dia para que houvesse uma opinião contrária, referindo-se que deve ser “garantida uma correção duradoura do défice excessivo em 2015, através de mais medidas, se necessário.”. Esta opinião veio… da Comissão Europeia!

Que a Comissão Europeia não se entende é demasiado percetível. Mas o problema está no facto de se utilizarem diferentes pesos e medidas no tratamento dos diferentes países que compõem a UE.

Uma rápida consulta a dados económicos (obrigado Pordata!) permite identificar que os alemães, em 2009 e 2010, atingiram os valores para ser despoletado o procedimento de défice excessivo (os famosos 3%). Como já se sabe que os alemães são muito disciplinados, não era preciso fazer grande coisa. Na realidade em pouco mais de dois anos conseguiram inverter o cenário. Bons meninos! Já os seus vizinhos franceses, desde 2008 que apresentam défices superiores a 3%. E que dizer dos britânicos que, ano após ano, apresentam défices crónicos e que ainda no ano passado atingiram os 5,7%? (Já agora, ao contrário do que se possa pensar, o défice excessivo não é uma figura apenas da moeda única).

Qual é então o motivo para os “desgraçados” do Sul terem tantos avisos e medidas de austeridade, enquanto outros quase passam pelos pingos da chuva? (e o que chove no Reino Unido o ano inteiro…). Uma breve pesquisa permite definir bullying como “a utilização da força, ameaça ou coação para abusar, intimidar ou dominar agressivamente os outros”. Geralmente perpetrada pelos miúdos mais fortes do pátio aos mais fracos (ou simplesmente por aqueles que conseguem juntar-se em maior número). Como (quase) diz uma música da nossa praça, e pedido desculpa ao Boss AC pelo uso abusivo (bullying!) da sua expressão: “Oh mãe fazias-me era britânico em vez de bonito”.

 

Nota final (para evitar confusões no que diz respeito à última expressão): tenho muito orgulho no nosso país e em ser Português! Só gostava que a minha carteira não sofresse de bullying todos os meses…