As noites seguem-se embebidas no mesmo movimento solitário que é ser-se humano: paredes de cal branca, uma casa simultaneamente gaiola que nos limita e nos acomoda, uma cabeça saturada das palavras ditas e reditas na futilidade dos dias, uma boca que aprecia o silêncio que é o sufoco de ter uma cabeça saturada das palavras saturadas dos dias saturados. Do outro lado da cama há quem durma e quem questione o silêncio no seu silêncio e a distância entre os silêncios trocados é mais curta que a distância de uma linguagem repetida e banal.