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Opinião

O GOVERNO QUE MALTRATA O ALENTEJO

Na crónica desta semana apresento dois casos demonstrativos da falta de solidariedade do Governo para com o Alentejo: Um dos temas tem a ver com a falta de assistentes operacionais nas escolas de Évora; outro tema tem a ver com a supressão de comboios na linha de Casabranca – Beja.

O discurso oficial não é esse. Não bate certo! Por isso, torna-se fundamental alertar para estas graves situações.

 

1 - Falta de 42 assistentes operacionais nas escolas do concelho de Évora

DAR ÁGUA PELA BARBA

Os rios são fronteiras naturais que nos impedem de chegar ao outro lado se não tivermos barco. Os rios são linhas que se curvam e descurvam na longitude e latitude da geografia, da terra, das coisas e do ser humano. Havia um rio que começava numa nascente e crescia, em gradação, do sul para o norte, em claro desafio das leis da física. Não era o único, mas era aquele que ficava perto da povoação de Cortes. Era um rio grande já quando se encontrava com o homem. Era um rio encorpado onde viviam peixes, plantas aquáticas e tantas outras coisas nas suas margens.

ASSAZ ATROZ

Que exemplo se presta à comunidade quando numa cantina escolar se permite servir às crianças frango cru à refeição? Ou viveremos num País disfuncional onde a “barbárie” impera e ganha força perante o indecente fracasso do papel social do estado, onde uns tudo têm e outros não têm nada?

Relata a comunicação social que, na data em que se celebrava o Dia Mundial da Alimentação, muitas crianças do segundo e terceiro ciclos foram brindadas à refeição com frango cru e arroz banhado em sangue.

Mas há mais! Não se trata apenas de um acaso de uma refeição (mal) servida.

RODJA: SINÓNIMO DE LIBERDADE

Foi há poucos dias que conheci o significado do nome de Rojda Felat.

Defensora das liberdades perdidas, merece que dediquemos alguns minutos, para melhor a conhecermos.

Mulher de origem curda, comandante das Forças Democráticas da Síria (FDS), exército de mais de 10 mil homens e mulheres, chefiou a tomada de Raqqa ao Daesh. Com cerca de 37 anos, combatente pela liberdade e representante das mulheres livres, aparece-nos sem o lenço a cobrir a cabeça e trajando uniforme militar. É “apenas” uma muçulmana livre.

CATALUNHA INDEPENDENTE? ATÉ QUANDO?

Esta será a semana decisiva no futuro da Catalunha. Será o culminar de um processo bastante mal gerido em que ambas as partes envolvidas têm culpas no cartório.

Da parte dos independentistas, com o constante apelar ao uso da força e a fuga à negociação, numa tentativa, até ver bem conseguida, de forçar Madrid a aplicar o artigo 155 da Constituição Espanhola que suspenderá a autonomia do País.

BRYTER LAYTER

Já não reconheço um álbum pela capa. Não é grave, serão desde logo tentados a pensar. Mas é, e muito. Noutros tempos, entre o momento em que olhava pela primeira vez a capa de um disco e em que finalmente o ouvia podiam distar horas, dias, semanas. Esse espaço de tempo tinha, então, inevitavelmente, de ser preenchido com doses não controladas de expectativa e devaneio. Nada de inesperado, conquanto não raras vezes elevado à décima potência.

SUAR AS ESTOPINHAS

Eram duas cegonhas. Moravam ali a seguir a Castro Verde no caminho que vai para Aljustrel, antes do Carregueiro. Moravam no mesmo ninho em cima de um poste de pinho que servia de apoio às linhas do telefone. Alguém se tinha lembrado de pôr lá uma forma de segurar os ninhos e este casal de perna-longa, recém-casados, cegonho e cegonha. Conheceram-se há muito tempo, o seu falar era tão distinto quanto as longas patas e pernas ainda mais compridas, quase que como a fazer concorrência ao seu longo bico. Tudo era por um motivo e esse motivo confundia-se com a essência dos casais de cegonhas.

E AGORA?

O que fazer quando se perde uma referência? Alguém que sempre nos ensinou a acreditar até ao fim? A primeira pessoa a reconhecer o nosso esforço e o nosso valor?

Como se combate este vazio?

Geralmente nestas crónicas costumo apresentar algumas questões e outras tantas possíveis soluções mas, neste caso, a resposta torna-se não só dolorosa como difícil.

A referência permanecerá para sempre e em toda a acção que cada um de nós que hoje tenta combater este vazio praticará e colocará em tudo o que fizer.

BLUE VELVET (parte 2)

Blue Velvet (ou as dores de crescimento segundo o método Lynch)

FERVER EM POUCA ÁGUA

Fazia mesuras o dia inteiro. Andava meio tonto metade do dia e dormia a outra metade. Havia quem dissesse lá na cidade grande que era maluquinho. Talvez fosse. Não se sabia muito bem se era por causa das mesuras que fazia o dia inteiro, se porque andava tonto meio dia ou se porque dormia a outra metade. Ele não se chateava muito com isso. Nem se importava lá com as coisas que diziam dele. Fazia mesuras. Antes de se tornar meio tonto metade do dia era artista de circo e tinha andado por tantas terras como letras do alfabeto multiplicadas por vinte. Bem, tinha andado por muitos lugares.

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