Viajo de comboio. Sentado no meu assento, percorro as diferentes terras, as diferentes casas escondidas atrás das árvores e além do arame que separa a linha do resto do mundo.
Vejo-me no espaço entre as árvores, através de um vidro meio empoeirado.
O facto de viajar de comboio, numa linha quase recta sem sobressaltos faz-me olhar, concentrado, para o espaço entre as árvores, para o que me foge da vista e não se deixa apanhar pela minha retina. Não me é possível focar num só elemento, nem guardar na memória tudo aquilo que passa por mim, ou melhor, aquilo por que passo.