24 Novembro 2021      10:37

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Parraça, a "máquina" fura-redes

No domingo fui à bola, no campo João de Figueiredo, em Vila Viçosa. A tarde estava cinzenta e o frio do Outono fazia-se sentir. O Calipolense jogava contra a equipa do Aguiar, com quem disputa os lugares cimeiros da tabela da Liga AFE.

A equipa de Vila Viçosa tem muita juventude no plantel, com bastante garra e motivação, gerida por um naipe de treinadores com bastante experiência e comandada por um capitão com muitos anos de futebol. Deve ser o último romântico dos "ervados e pelados" de todo o Alentejo e provavelmente um dos mais veteranos (é seguramente da mesma idade dos árbitros!).

O seu nome é José Alberto Parraça!

Ontem, mais uma vez, fiquei impressionado. Fez um jogo intermitente, com muitos sprints, alguns remates falhados e alguns mergulhos para o sintético. Em certos momentos, até parecia alheado da partida. Mas sempre a incentivar os colegas, com a sua respeitada voz de comando. São muitos anos a virar frangos! Porém, o jogo estava teimosamente empatado e assim ficou até que o Zé Alberto, quase ao cair do pano, sacou um coelho da cartola e marcou um golaço de cabeça, quando a noite estava mesmo a cobrir Vila Viçosa e as nuvens ameaçavam chuva.

As bancadas quase vieram abaixo com aquela inesperada cabeçada. O Parraça voltou a fazer das suas, o que já vem sendo um hábito esta época. O concelho de Vila Viçosa foi berço de grandes futebolistas: Galhofas, Batanete "Pata-Branca", Luís Canhoto, Valadas, Luís Gancho, Paulo Lobo, Miguel Rosinha, Luís Matias, Luís Aurélio, Rui Costa, Carlos Lourinho e Cristo, entre muitos outros. O Luis Pinheiro é uma das mais recentes estrelas no activo. Faltarão muitos nesta lista, de certeza! Estes são os que mais recordo, pelo perfume que deixaram nos relvados alentejanos e não só. Mas o Zé Alberto deve ser o que mais anos jogou e já deve ter perto de 40 "na pá"! 

Eu próprio passei ao lado de uma grande carreira. Podia ter sido uma estrela, a fazer dupla com o Parraça, não fosse o Francisco Frade, meu treinador no tempo de juvenis, a "queimar" a minha carreira, quando me lançou num jogo, durante a segunda parte e me tirou cinco minutos depois, dizendo que eu "não estava a render". Os meus sonhos futebolísticos ficaram hipotecados. Percebi que o futebol não era o caminho! 

Voltando ao Zé Alberto. Sou seu admirador. Para além de futebolista que honra a camisola do seu clube de sempre, é também um brilhante investigador e docente na Universidade de Évora, onde desenvolve projetos relacionados com a motricidade humana e com os seniores. Porém, arranja sempre tempo na agenda para marcar presença nos jogos do Calipolense, dando o seu exemplo aos mais novos. Obrigado, "Zé Cueca"! Espero que continues a marcar muitos golos até pendurares as botas!