19 Setembro 2023      11:09

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Delta é a empresa onde sustentabilidade mais pesa no valor da marca

Rui Miguel Nabeiro, presidente executivo da Delta Cafés

A Delta Cafés surge no topo da lista enquanto empresa nacional onde o ESG (Investimento Socialmente Responsável, ligado ao ambiente, à responsabilidade social e à governança) tem mais peso no valor da marca, com 17,2% deste valor a dever-se aos critérios de sustentabilidade. Entre as grandes empresas, o principal destaque vai para a EDP, de acordo com um estudo da consultora Onstrategy, noticia o jornal Expresso.

A Onstrategy publica regularmente o ranking das marcas nacionais mais valiosas, mas, este ano, a consultora decidiu dar a conhecer também a percentagem do valor das marcas que está ligada aos critérios ESG. Uma vez que as marcas são dos ativos mais valiosos das organizações, a Onstrategy criou uma metodologia para calcular o impacto económico que a sustentabilidade tem no valor financeiro das marcas, um trabalho realizado “em conformidade com as normas ISO10668 (avaliação financeira de marca) e ISO20671 (avaliação de estratégia e força de marca)”, explica, citada pelo semanário.

Do grupo das 100 marcas nacionais mais valiosas, apenas em 24 o impacto económico das dimensões e dos atributos diretamente relacionados com a sustentabilidade foi superior a 13,5%, pertencendo o primeiro lugar à Delta Cafés. A marca liderada por Rui Miguel Nabeiro está avaliada em 236 milhões de euros e 17,2% (ou seja, cerca de 36 milhões de euros) desse valor deve-se aos atributos ESG.

No entanto, não é apenas no estudo desta consultora que a Delta se destaca no que toca à sustentabilidade. No passado mês de março, a marca alentejana também ficou em primeiro lugar (entre 100 empresas) numa pesquisa de mercado da Merco dedicada às empresas mais responsáveis presentes em Portugal. Nessa pesquisa, a Delta Cafés ficou em primeiro lugar nas três vertentes do ESG, liderando a lista das empresas mais responsáveis no país, com 10 mil pontos, perto do dobro da média da pontuação das outras empresas referidas no estudo (um valor de 5.326 pontos).

Embora as conclusões sejam semelhantes, a visão da Onstrategy é distinta, uma vez que se centra só na marca e tem como objetivo identificar o valor financeiro potencial ligado à sustentabilidade. Pedro Tavares, fundador e managing partner da Onstrategy, explicou ao Expresso SER de que forma se apura este valor: trata-se de um cálculo que “resulta de um processo que tem por base mais de 50.000 entrevistas, qualitativas e quantitativas, realizadas aos cidadãos em contínuo ao longo do ano, sendo os mesmos representativos da população de acordo com os censos em termos de distribuição geográfica, género, idade e grau de formação”. Através destas entrevistas, a Onstrategy faz o cálculo dos índices de perceção dos vários stakeholders acerca do desempenho das marcas nas suas diferentes dimensões e, depois, procede à avaliação da reputação e do valor de cada uma das marcas, assim como do peso da dimensão ligada à sustentabilidade.

O mesmo estudo indica também que a sustentabilidade já deveria contribuir, em média, com uma percentagem de 19,8% para o valor financeiro das marcas nacionais, valor que as marcas conseguiriam alcançar se obtivessem a pontuação máxima em todas as avaliações associadas ao ESG. Contudo, os dados disponíveis sobre as 100 marcas nacionais mais valiosas indicam que o contributo direto do ESG se situa, em média, nos 12,6%.

No ranking liderado pela Delta Cafés, surgem também destacadas pela positiva a Lactogal, a Luso, a Água das Pedras e a Oliveira da Serra. Em sexto lugar, surge a EDP, a empresa que, em valor absoluto, é a marca mais valiosa (2,751 mil milhões de euros), com 15,5% do valor (427 milhões de euros) relacionado com os critérios ESG.

Pedro Tavares avançou ainda com uma possível explicação para as diferenças entre as empresas.

“Melhor avaliação por parte dos cidadãos no que respeita às dimensões que constroem a reputação (ambiente de trabalho, cidadania, ambiente e governo) e, simultaneamente, o peso reforçado dessas dimensões na construção da reputação das marcas nesses setores de atividade”, explicou, acrescentando que “há indústrias em que este contributo é maior ou menor para a construção da reputação das marcas”.

 

Fotografia de imagensdemarca.pt