2 Novembro 2015      19:59

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FALEMOS DE EMPREENDEDORISMO...

Falemos de empreendedorismo…não propriamente de como este poderá ser a solução para a nossa convergência europeia, como a crónica do Paulo Ferreira irá abordar amanhã, mas sobre as “motivações para” e de como um determinado ou o “tal” empreendedorismo pode efetivamente ajudar a nossa economia, conferindo-lhe uma dinâmica impulsionadora face à convergência.

Quando se fala das suas motivações, tradicionalmente temos o empreendedorismo por necessidade e o empreendedorismo por oportunidade. Nem vou tentar explicar o que cada um é, pois muito se tem escrito sobre isto, desde simples reflexões até teses de doutoramento. No Google encontramos quase 700 000 resultados em 0,48 segundos!

Mas como a tradição já não é o que era, vamos lá baralhar tudo isto.

1.º Ponto: todo o empreendedorismo pode surgir por necessidade. Um empreendedor que seja de facto empreendedor acaba por sentir essa necessidade e continuar a empreender. É muito normal vermos um empreendedor norte-americano criar a sua start-up, vendê-la e voltar a criar uma nova. São ideias atrás de ideias, negócios atrás de negócios.

Um empreendedor não pode parar!

2.º Ponto: todo o empreendedorismo deve ser por oportunidade. Se não for inicialmente, deve caminhar para aí, desde que devidamente apoiado.

Atualmente, o nosso ecossistema empreendedor (entenda-se como os espaços de apoio e incubação, as entidades que prestam assistência, os fundos e financiamentos bem como os inúmeros eventos) está já claramente desenvolvido e é capaz de converter uma necessidade numa oportunidade. Esta capacidade depende muito dos agentes deste ecossistema, no fundo de todos nós.

A maioria dos casos de empreendedorismo por necessidade resulta em situações de autoemprego. Nesta realidade como é que se pode passar dessa necessidade para uma oportunidade? Será que o ecossistema não se encontra já devidamente maduro para pegar em alguém desempregado e que quer criar, por exemplo, um café e transformar essa necessidade em algo mais complexo?

Em vez de simplesmente lhe fazer um plano de negócios que apresentará junto do IEFP, porque não dar-lhe as ferramentas e as competências que lhe permitam começar por despistar o facto de ser empreendedor ou não? Se terá estofo para ser seu próprio patrão, se tem noção das responsabilidades e encargos que terá pela frente?

Posteriormente porque não validar-lhe ou mesmo destruir-lhe a ideia por completo? Ajudá-lo fazendo-o ver que o seu café será igual aos restantes cinco ou seis que já existem na rua, que a sua proposta não tem valor suficiente para atrair aqueles clientes que nem sequer conhece?

No final esperamos que o empreendedor consiga refinar e aprimorar a sua ideia de negócio, criando um café capaz de atingir o sucesso. Caso contrário, não deveria sequer contar com nenhum tipo de apoio para o seu lançamento

Será então que com tanta metodologia, tanto apoio, tanto cofinanciamento não somos capazes de transformar este empreendedorismo de necessidade num outro tipo de empreendedorismo? É ele que contribui para a economia e para a tal convergência com o resto da europa. Mais do que simplesmente dizer que necessitamos que Portugal seja mais empreendedor, é preciso que seja do “tal” empreendedorismo!

 

Se não conseguirmos, não há teses que nos valham…