Conforme referi no artigo anterior, debruçar-me-ei nos próximos artigos de opinião às 5 propostas que considero muito importantes para o concelho de Mourão, e que, e cujas decisões estão sobretudo nas mãos dos decisores políticos regionais (CCDR- Alentejo e ARS-Alentejo), nacionais (Governo da República) e europeus (Comissão Europeia e Parlamento Europeu). No programa eleitoral do PS no distrito de Évora (2022), sufragado pela maioria dos Alentejanos, consta esta proposta importante para o concelho de Mourão e que o Governo da República ainda não concretizou: a Expansão do regadio no Concelho de Mourão a partir das Barragens de Alqueva. Então vejamos.
O Sistema Global de Rega de Alqueva que beneficia, atualmente, uma área com cerca de 130 000 hectares de regadio, é constituído por um conjunto de 69 barragens, reservatórios e açudes, 382 km de rede primária, 1 620 km2 de extensão de condutas na rede secundária, 47 estações elevatórias, 5 centrais mini-hídricas e 1 central fotovoltaica. O Sistema Global de Alqueva tem em exploração, atualmente, cerca de 130 000 hectares de regadio e divide-se em três subsistemas: Alqueva, Ardila e Pedrógão.
O Subsistema de Alqueva faz ligação à Barragem do Loureiro (canal dos Álamos com cerca de 11 km), posteriormente faz à Barragem do Monte Novo (canal com 24 km de comprimento). Também da Barragem do Loureiro, para Sul, desenvolve-se o Túnel Loureiro-Alvito, com 11 km de extensão, garantindo o abastecimento à Barragem de Alvito. Daí segue um Canal que liga a Barragem do Pisão, seguindo depois, através de um outro Canal até à Barragem do Roxo. Este subsistema compreende os Aproveitamentos Hidroagrícolas do Monte Novo, Évora, Alvito – Pisão, Viana do Alentejo, Cuba – Odivelas, Pisão, Ferreira Figueirinha e Valbom, e Alfundão. Este subsistema abrange uma área total regada de cerca de 75 000 ha.
O Subsistema do Ardila compreende um total de 15 barragens ou reservatórios. Estende-se por mais de 60 km de rede primária e tem cerca de 270 km de condutas na rede secundária, 6 estações elevatórias e uma central mini-hídrica. Este Subsistema desenvolve os Aproveitamento Hidroagrícolas da Orada-Amoreira, de Brinches, de Brinches-Enxoé e de Serpa, localizados na margem esquerda do Guadiana nos concelhos de Moura e Serpa, abrange uma área total regada de 30 000 ha.
Subsistema de Pedrógão compreende o conjunto total de 9 barragens ou reservatórios, 3 estações elevatórias, mais de 42 km de extensão de rede primária e aduções a desenvolverem-se na região a Este de Beja, na margem direita do Rio Guadiana. O subsistema de Pedrógão abrange uma área total regada de 24 500 ha.
Por fim, junto da nova Aldeia da Luz (concelho de Mourão) está equipada uma área de regadio com 593 ha (0,3%), com origem de água direta da albufeira de Alqueva.
Este é o panorama atual do Regadio do Alqueva!
Estão, entretanto, aprovados e com financiamento garantido os novos blocos de rega de Póvoa/Amareleja, Vidigueira, Reguengos de Monsaraz e Messejana, sendo que este incluirá a ligação à albufeira do Monte da Rocha.
Após o enchimento da barragem de Alqueva, o concelho perdeu 27% da área agrícola (onde se inclui uma reserva social de caça), tendo desaparecido a praia fluvial (embora felizmente se tenha construído a maior e seguramente mais bonita praia fluvial do Alqueva) e o parque de campismo. Ficaram ainda submersas as reservas de xisto e um significativo património arqueológico e arquitetónico (o castelo da Lousa, os moinhos do Guadiana, Alcarrache e Godelim, o povoamento pré-histórico de Cuncos e o convento de N.ª Sr.ª do Alcance, situado perto da vila de Mourão), a aldeia da Luz e a fábrica da Portucel Recicla de Mourão, um dos maiores empregadores do concelho.
A pergunta que podemos fazer é: Como é que o concelho que mais perdeu (“para não dizer” o único) com a construção da Barragem do Alqueva só tem direito a 0,3% do regadio?! Nunca nós, os mouranenses nos opusemos, pois, as mais valias para a grande região alentejana estão à vista. Com toda a certeza que será o bloco de rega mais barato de todos, pois a água já lá está. Falta o quê? Vontade política? Os agricultores e os empresários do concelho de Mourão também querem produzir riqueza e empregos para o país. É urgente repor esta injustiça.
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