5 Novembro 2019      15:20

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Portalegre celebra meio século da chegada do Homem à Lua

O Instituto Politécnico de Portalegre celebra amanhã os 50 anos sobre a chegada do Homem à Lua com a conferência do Professor de Física da UNiversidade de Coimbra Carlos Fiolhais,“Apollo 11 – Meio século sobre a chegada do Homem à Lua” e com um concerto único das Percussões da Metropolitana.

A iniciativa começa às 16h30, no Auditório Francisco Tomatas - Campus Politécnico (Instituto Politécnico de Portalegre) e a entrada é livre.

No século XVII o astrónomo Kepler falou da “música das esferas”, procurando ligações entre a arte musical e os planetas do sistema solar, mas a música e os astros nunca estiveram tão perto como em “Os Planetas,” a suíte em 7 andamentos que é a mais célebre composição do inglês Gustav Holst (1874-1934). Escrita durante a 1.ª Guerra Mundial, entre 1914 e 1916, o seu motivo são os 7 planetas do sistema solar conhecidos na época, além da Terra (Plutão, descoberto em 1930, foi planeta até 2006, quando foi relegado para planeta anão). A estreia da composição, para uma audiência privada, ocorreu em 29 de Setembro de 1918, no Queen’s Hall, em Londres, a lendária sala que haveria de ser destruída na 2.ª Guerra Mundial, mas a primeira execução pública foi há cem anos, em 27 de Fevereiro de 1919. As composições de Holst, influenciadas por autores seus contemporâneos como Stravinsky e Schoenberg, são associados ao modernismo: Tal como as pinturas de Kandinsky, procuravam distanciar-se de formas clássicas de beleza. A harmonia é, nas peças de música modernistas, toldada pela dissonância, transmitindo emoções de um modo forte e por vezes surpreendente.

A abordagem musical de Holst aos planetas teve raízes na astrologia e não na astronomia.  Segundo a astrologia, os planetas, que exercem supostas influências sobre os seres humanos, estão associados a certos traços  psicológicos.  A música procura ilustrar esses traços. O 1.º andamento é Marte, o “mensageiro da guerra”, o 2.º é Vénus, o “mensageiro da paz”, o 3.º Mercúrio, o “mensageiro alado”, o 4.º Júpiter, o “mensageiro da alegria”, o 5.º Saturno, o “mensageiro da velhice”, o 6.º Urano, o “mágico”, e o 7.º Neptuno, o “místico”. Alguns dos temas são tão expressivos que bandas de rock tocaram adaptações de “Os Planetas”, John William escreveu a banda sonora de Star Wars bebendo nessa fonte, e o andamento sobre Marte foi usado por Carl Sagan na sua famosa série Cosmos.

Hoje, após termos enviado diversas sondas a todo o sistema solar, sabemos muito mais sobre os planetas do que se sabia no tempo de Holst. Mas a sua poderosa música continua merecedora da nossa atenção,  já que as emoções veiculadas pela arte são intemporais.

 

Imagem de capa da NASA