A presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) defendeu que é preciso preparar o setor para os desafios futuros, como o da aviação elétrica, com investimentos nos aeródromos e capacitação dos respetivos diretores.
“Dentro desta década, vamos ter a aviação elétrica no ar e vamos precisar de a abastecer em terra", alertou Tânia Cardoso Simões, ao intervir na cimeira aeronáutica Portugal Air Summit (PAS), que está a decorrer no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor (Portalegre).
A presidente da ANAC assinalou que a aviação elétrica “vai reformatar tudo aquilo que é o sistema nacional, nomeadamente em termos de aeródromos”.
“Muitas vezes, focamos a nossa atenção na grande capacidade aeroportuária, com todos os desafios que ela tem”, nomeadamente de “constrangimentos de capacidade”, como os existentes em Lisboa, disse.
Segundo a presidente da ANAC, o país necessita de “uma estratégia a curto e médio prazo para responder às necessidades”, até ter “a tal solução” para o novo aeroporto de Lisboa, “que se espera que venha breve”, mas as infraestruturas municipais não devem ser descuradas.
Para tal, a responsável da ANAC propôs “uma reflexão estratégica conjunta” e “participada” sobre o futuro e salientou que é preciso “capacitar as infraestruturas a nível municipal”.
Deve ser feito investimento nas instalações e nas pessoas, mas há que “repensar algumas matérias transversais a todos os aeródromos, nomeadamente o estatuto dos diretores de aeródromo”.
O país tem de refletir sobre este assunto para conseguir “atrair pessoas, não só esforçadas e competentes, que as há, mas com um estatuto que lhes permita responder aos desafios que a sua atividade impõe, dependendo da dimensão e das necessidades de cada situação em concreto”, defendeu.
“Mas atraindo as pessoas mais adequadas para a profissão em concreto, porque nós temos que ter aeródromos que sejam geridos de maneira a responder a estes desafios” que o setor enfrenta, como o da sustentabilidade e do aumento do investimento por parte de empresas, sublinhou.
Para a presidente da ANAC, neste repto de refletir em termos conjuntos sobre os desafios do futuro para preparar o setor da aviação, “outro elemento que deve ser tido em conta é também o dos agentes de informação aeronáutica”.
“Nós temos que ter um estatuto que reconheça a necessidade de formação, capacitação e disponibilidade de agentes de informação de tráfego aéreo (AITA) suficientes para cobrir as necessidades de todo o território nacional. Só assim é que vamos dar resposta àquilo que são as necessidades de crescimento próprias de toda a cadeia de valor do setor”, disse.
Questionada pela agência Lusa sobre esta matéria, depois de intervir na 2.ª jornada da cimeira aeronáutica, Tânia Cardoso Simões insistiu que “há investimentos que vão ter que ser feitos agora, nomeadamente por causa da sustentabilidade, da aviação elétrica, que estará no final da década já a começar a voar e que pode ser muito interessante a nível regional para Portugal”.
“Mas isso implica termos as infraestruturas preparadas para isso, o que implica investimentos nos aeródromos municipais” e “uma capacitação dos diretores de aeródromo e dos agentes de informação aeronáutica”, reiterou.
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