14 Dezembro 2023      10:49

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Mantas alentejanas têm ligação a Mira de Aire

A investigadora Alexandra Marques, a empresária têxtil Mizette Nielsen e a investigadora e artista têxtil Guida Fonseca vão apresentar, este sábado, no Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT), o livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”, que explora a ligação entre Mira de Aire e a produção das mantas alentejanas.

Em declarações à agência Lusa, José Paulo Batista, diretor do MIAT, esclarece que “nos tempos em que a fábrica Vitória existia [em Mira de Aire], fornecia fio para a fábrica de mantas de Reguengos de Monsaraz, há 30 anos, mais ou menos”.

Uma das autoras do livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”, Mizette Nielsen, liderou durante várias décadas a Fábrica Alentejana de Lanifícios, em Reguengos de Monsaraz, e foi uma das clientes do fio feito em Mira de Aire.

“O livro fala das mantas que eram feitas no Alentejo, principalmente em Monsaraz e em Mértola”, afirma o bisneto dos fundadores da Tapetes Vitória, acrescentando que irá lançar às investigadoras “o desafio para fazerem também um levantamento sobre as mantas de Minde e de Mira de Aire”.

Há cerca de um ano, a tentativa de registo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) dos desenhos e padrões de tecidos têxteis utilizados em mantas alentejanas por uma empresa têxtil com sede em Mira de Aire levou a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen) a apresentar um pedido de contestação no INPI.

A têxtil alegava ter inventado 12 desenhos de padrões de tecidos de mantas, ao que a DRCAlen replicou, alegando que “os padrões em causa correspondem aos utilizados nas chamadas Mantas do Alentejo, produzidas, desde tempos imemoriais, em zonas do interior do Baixo Alentejo e Alentejo Central, nomeadamente em Mértola e Reguengos de Monsaraz”.

Apesar de haver tradição na produção de mantas tradicionais em Mira de Aire, e também na vizinha Minde, do concelho de Alcanena, para José Paulo Batista, a discussão sobre a origem dos padrões tem pouco sentido.

“Existem várias teorias sobre os desenhos, mas se nós formos ver os desenhos que há na Guatemala, em Marrocos, no México e no Irão, os padrões são todos mais ou menos semelhantes. Agora estar a dizer que isto é exclusivo… Para mim, isso não faz muito sentido, porque são padrões muito simples, isto não requer grande técnica e anda tudo mais ou menos à volta do mesmo”, argumenta o colecionador e investigador.

O livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer” é apresentado em Mira de Aire no dia 16 de dezembro, às 17:00, com a presença das autoras e demonstração de tecelagem em pequenos teares.

 

Fotografia de noticiasmagazine.pt