16 Janeiro 2024      10:28

Está aqui

E um bom filho, a casa torna

Com o auxílio de um pincel, ao som de algo sereno criando uma antítese com os batimentos acelerados que saltam do meu peito, misturo cores numa tela; criando uma sensação de refúgio que me permite sonhar acordada.

Fecho os olhos. Segundos, transformam-se em minutos, e volto a abrir, a combinação produzida pelo meu subconsciente, faz-me suspirar: verde, castanho e um azul na borda.

Os cantos da minha boca inclinam-se sem querer e solto outro suspiro involuntário.

Memórias acordadas, mas vividas.

Uma muralha que cai aos bocadinhos. Bocadinhos derramados, vertidos pelo chão que sangra. Abundantemente. O luto acabou.

Um alívio dize-lo em voz alta.

O meu sorriso já formado, embora com timidez, implora às minhas costas a recordação de um respirar acolhedor contra as mesmas. Como nascidas para receber esse tipo de amor.

Os (meus) braços clamam.

As (minhas) mãos choram.

Mas ele sabe. O meu coração (também) sabe.

Agarro então no quadro, como se de um recém-nascido se tratasse. Sem perceber, cai uma.

Duas.

E diria três, talvez.

Estou em casa.

E um bom filho, a casa torna.