Portugal tornou-se autossuficiente na produção de frutos secos devido ao crescimento da cultura no Alentejo, revela o jornal Público.
Albino Bento, professor na Escola Superior Agrária de Bragança e presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, afirma que “mais ou menos metade da área de amendoal do país concentra-se em Trás-os-Montes”. Contudo, a outra metade das árvores que dão este fruto seco foi plantada no Alentejo, onde a produção começou a disparar a partir de 2015.
“Nos amendoais de Trás-os-Montes, em média estamos a falar de produções por hectare que não ultrapassarão os 1500 quilos. Quando vamos para os amendoais intensivos e superintensivos, estamos a falar de produções que, em média, poderão ir para as cinco, seis, sete toneladas por hectare”, explica o responsável.
Já Tiago Costa, presidente da Portugal Nuts – Associação de Promoção de Frutos Secos, divulga que “nos últimos anos verificou-se, em Portugal, um aumento na ordem dos 50% da área plantada de frutos secos. Em dez anos, as maiores evoluções ocorreram no Alentejo, em que a área foi dez vezes superior”.
Além disso, segundo Albino Bento, antes de se começar a plantar amendoal no Alentejo, Ribatejo e Beira Interior, havia cerca de 25 mil hectares plantados, e a produção era da ordem de 20 mil toneladas por ano, em média.
“Neste momento, estamos acima de 50 mil hectares no país e o nosso potencial produtivo ultrapassa as 100 mil toneladas, e somos autossuficientes” em amêndoa, garante o responsável.
Tiago Costa explica ainda que o consumo nacional de frutos secos aumentou 95% entre 2012 e 2022. “Em 2023, Portugal passou a ser plenamente autossuficiente em frutos secos. O país é capaz de satisfazer, por via da produção nacional, 96% do consumo interno de frutos secos, sendo que até à data eram maioritariamente produtos importados dos EUA”, acrescenta o presidente da Portugal Nuts.
Adicionalmente, muitos agricultores reconverteram outras culturas em frutos secos, porque há muitos fundos de investimento neste setor e porque existem “novas oportunidades de culturas de regadio no Alentejo, mais concretamente na zona do Alqueva, que asseguram maiores produtividades e dimensões de exploração que permitem implementação de agricultura de precisão”.
Quanto ao consumo de água, Albino Bento diz que a chave está em fazer “uma rega deficitária e controlada”. “A amêndoa, em final de maio, no Alentejo e Ribatejo, provavelmente já atingiu o máximo de crescimento. A partir dessa altura, podemos reduzir a quantidade de água que aplicamos”, adiantou o especialista. “Do ponto de vista fisiológico, é na altura em que a amendoeira já não precisa de tanta água. Podemos regar, por exemplo, 50% do que o modelo nos diz”, acrescenta.
Já Tiago Costa assegura que a produção de amêndoa em Portugal “tem por base um conjunto de boas práticas que promovem a biodiversidade, uso eficiente da água e monitorização da pegada carbónica, com o objetivo da sua redução”.
Fotografia de agroportal.pt