Certo dia, em meses, há não mais de três e não menos de dois – digamos três, conheci um tipo numa ode aberta ao cinematógrafo que, do nada, me disse algo como isto num dos muitos, demasiados, intervalos: ‘Para ouvir harpa era capaz de atravessar três mundos!’
Não é o tipo de coisa que se oiça habitualmente, convenhamos… Porquê três e não, por exemplo, cinco, o número de continentes (que por acaso são sete), uma…harmonia bem mais inteligível, interroguei-me. Deixara de o ouvir… Mais que não fosse, posto isto, por conveniência: os três mundos não se adequavam a nenhum instantâneo, literário, musical ou outro, mesmo que emanasse do dia-a-dia, do senso comum.
Não servia. O número bloqueara-me.
Um bocejo, complemento perfeito, cadeia de forças elementares à necessária continuação, como antes era o nunca pisar as separações entre as pedras nas caminhadas durante a infância…
E foi assim – Até hoje: a memória dos três mundos do meu então novo amigo três meses depois… Porque não – Novas hipóteses que entretanto se colocam. Como não ter ouvido. Ou mudar a frase para um número que mais me agrade. Ou simplesmente ouvir e esperar que o tempo passe e os mundos se voltem a juntar. Tenho tempo, todo o tempo.
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Apesar de todas as promessas, não o voltei a ver, e pressinto que não voltarei. Presto-lhe homenagem com estas palavras breves e confusas? Espero que sim.
Imagem de pastdaily.com
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