25 Dezembro 2023      09:48

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Quantos eram os reis magos? 3, 4, 5?

Os Magos sempre me fascinaram. Encontramos muito pouco sobre eles nas Escrituras Sagradas canónicas: o Evangelho de Mateus apenas menciona que alguns Magos (μάγοι) vieram a Jerusalém, vindos do leste, guiados por uma estrela e uma profecia, em busca do menino-Messias e que encontraram Herodes. Quando, quantos eram e quais eram os seus nomes, ele não diz, nem se eram reis. Muitos estudiosos bíblicos contemporâneos acreditam que não é uma crónica, mas uma "construção" literária simbólica que foi projetada para fornecer um ensinamento.

Ao contrário dos evangelhos canónicos, nos evangelhos apócrifos existem muitas referências aos Magos, nalguns dos quais podemos encontrar a origem das imagens que ao longo dos séculos tiveram grande popularidade, ao ponto de se tornarem parte integrante da cultura cristã canónica.

 No Evangelho Arménio da Infância, há a descrição mais detalhada dos Magos que em qualquer texto da tradição cristã. A datação, no entanto, é incerta, provavelmente será de entre os séculos IV e XII.

Os três reis magos estão muito presentes na iconografia religiosa. Eles já estavam retratados nas catacumbas romanas do século II. O mosaico que os representa na Basílica de Sant'Apollinare Nuovo em Ravenna (Itália) remonta a 526 aC.

Portanto, sabemos pouco e simultaneamente muito sobre os Magos, mas, como tudo o que é objeto de fé, nada é certo.

Gosto de pensar que Gaspar (Gaspare), Belchior (Melchiorre) e Baltazar (Baldassare) realmente existiram. Homens que viajam, movidos por diferentes motivos e inspirações, para seguir uma intuição, uma profecia e uma estrela. E gosto de pensar que Taór e Artabán também (mas talvez fossem a mesma pessoa) existiram realmente, não apenas na imaginação de Tournier e Van Dyke. Que eles fizeram a sua jornada sem nunca encontrar os outros três e, depois de se perderem, finalmente encontraram muito mais tarde na sua jornada, o que nunca pararam de procurar.

 

"Magi" é provavelmente a transliteração grega do antigo persa magūsh, arcadiano magūshu, siríaco mgōshā. É um título que se refere especificamente aos sacerdotes do zoroastrismo.

Agradeço ao inventor do Taór, Michel Tournier (1924-2016) autor de Gaspard, Melchior et Balthazar (Gallimard,1980), que li pelo menos 3 vezes. Henry van Dyke (1852 - 1933), conta a história de Artabán em The Other Wise Man (O Quarto dos Magos, Harper Brothers, 1896).

 

Imagem da Basílica de Sant'Apollinare Nuovo em Ravenna (Itália) em wikimedia. org

 

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Nota do editor: Giuseppe Steffenino, natural do noroeste da Itália, está ligado a nós pela admiração que ele tem a Portugal e ao Alentejo em particular, onde, com a sua companheira, Manuela, foram salvos de um afogamento numa praia o ano passado. Aqui e ali a pandemia está a mudar a nossa maneira de viver e pensar. Esse médico com barba branca, apaixonado por lugares estrangeiros e um pouco idealista, interpreta este tempo curvo, oferecendo-nos os seus sonhos, leituras, viagens, lembranças, pensamentos, perguntas, etc.