9 Janeiro 2024      10:38

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O sal da terra

Será o sal da terra aquele que salga e que da vida ao que cresce, ou por outro lado, será aquele que seca o que quer nascer, pela sua salubridade?

Nas palavras de Mateus e do Padre António Vieira, aqueles que são o sal da terra são os discípulos, aqueles que dão sabor e fertilidade à terra.

O sal da terra, visto nesta perspectiva, são todos os que trazem consigo a palavra, a anunciação de uma mensagem que, seja religiosa ou não, traz benefícios a quem a ouve. Ser o sal da terra é, em cada dia, dar sabor ao alimento que a todos nos sacia e nos permite viver. Nem só de pão vive o homem, mas sem o alimento poucos seriam os que conseguiam sobreviver.

O sal da sabor aos alimentos. Em épocas antigas foi crucial e definiu períodos da História, nomeadamente palavras como salário, o rendimento pago aos soldados romanos pelo seu trabalho, que era em sal, para dar sabor aos alimentos.

No outro lado, o sal em demasia, corrói os alimentos e destrói aquilo que em moderação seria fertilizado. Também na saúde, o sal, vulgo sódio, em demasia é prejudicial.

Deduz-se desta reflexão acima, a necessidade de moderação em tudo e que aquilo que tem maioritariamente benefícios, quando em excesso traz problemas e pode ter efeitos nefastos.

Nas palavras do Padre António Vieira, quando se sugere deitar o sal fora: Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer? O que faremos à terra que não se deixa salgar? O que fazer a essa terra que já não dá alimento e secou as suas propriedades, transformando-se num deserto onde nada nasce, nem há sal e muito menos água doce para criar a vida.

Tudo são metáforas que me fazem pensar e avaliar os ensinamentos antigos, transmitidos de pensadores em pensadores, concretizados em salários efetivos e em atitudes que não minem a fertilidade.

Queremos sal bom, queremos sal que não seque as raízes da terra. Queremos que o sal da terra cumpra a sua função.

 

José Carlos Adão